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Dinheiro do Bolsa Família irriga os cofres da Secom, que irriga os sites de ‘fake news’
Termômetro da Política
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Dinheiro público tem ajudado presidente a bancar sites mantidos por aliados. Foto: Marcello Casal Jr./ABr

A relação doentia e perdulária do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com os sites “bolsonaristas” que propagam fake news tem produzido fatos inacreditáveis. Não bastasse a Comissão Parlamentar Mista do Congresso (CPMI) revelar que o Governo Federal conseguiu exibir 653.378 vezes anúncios em 47 canais de notícias falsas em 38 dias, agora sabemos que o gasto terá impacto maior na camada mais pobre da população. Isso por que o governo federal decidiu retirar R$ 83,9 milhões do Bolsa Família e transferir o dinheiro para a Secretaria de Comunicação. Isso apesar de existirem 430 mil pessoas na fila de espera pelo benefício.

A CPMI das Fake News tem mostrado que o investimento em sites de notícias falsas é programa de governo do presidente Bolsonaro. Ao todo, foram identificadas 2 milhões de reproduções de anúncios do governo em canais de conteúdo inadequado, entre 6 de junho e 13 de julho de 2019. A lista de destinos dos anúncios reúne a escória da comunicação, privilegiando até sites especializados em pornografia. E isso tudo com o seu dinheiro do contribuinte. O número representa 4,37% das 47.188.047 impressões de anúncios avaliadas, que é o resultado para contar quantas vezes um anúncio foi exibido em campanhas do governo.

Para a análise, foi tomado como base as campanhas sobre a nova previdência do governo federal, que foi aprovada no ano passado. A consultoria contratada pelo Congresso disse haver provas da existência dos sites de notícias falsas no rol dos portais investigados pela CPMI. Os técnicos ponderaram no entanto que há pouco controle sobre os canais que recebem anúncios do Governo Federal, já que o sistema da Secom identifica todos os anúncios publicados na rubrica “Google Adsense”, sem a identificação dos veículos anunciantes.

O governo federal, em defesa recente, alegou que o Google faz o direcionamento dos anúncios e, por isso, não teria como filtrar os destinos. Apesar disso, é possível ao anunciante bloquear canais específicos. Entre os sites que recebem propagandas do governo federal, alguns entram na categoria “no sense”. Um deles, o site “Sempre Questione”, traz matérias fantasiosas, por exemplo, sobre múmias alienígenas escondidas nas pirâmides do Egito.

A lista de sites contemplados traz também os que Bolsonaro mesmo classificou como “imprensa minha”. “Nesta categoria, podemos citar o canal de youtube Bolsonaro TV e os aplicativos para celular “Brazilian Trump”, “Top Bolsonaro Wallpapers” e “Presidente Jair Bolsonaro”, diz o documento elaborado pela comissão. O rol de favorecidos também traz o blogueiro Allan dos Santos, o mesmo que negou no Congresso receber dinheiro público. Pois é, o Terça Livre TV recebeu 1.447 impressões.

Enquanto isso, quem precisa do dinheiro do Bolsa Família…

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