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Bolsonaro usa obras de Lula e Dilma para maquiar a própria incompetência
Termômetro da Política
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Bolsonaro usa obras de Lula e Dilma
Durante inauguração de trecho da Transposição, no Ceará, Bolsonaro ergue os braços em sinal de gratidão por obra iniciada nos governos de Lula e Dilma. Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) descobriu uma forma de maquiar a própria inoperância: entregar obras iniciadas em governos passados. Os empreendimentos, em sua maioria, foram planejados e tiveram a execução iniciada justamente quando os ex-presidentes Lula e Dilma, ambos do PT, comandavam o Executivo. Das 33 obras inseridas no cronograma eleitoreiro de entregas do gestor, 25 dependeram do empenho dos petistas. Outras duas foram herdadas dos anos de Michel Temer e apenas 6 são bolsonaristas.

O levantamento tem como base matéria da Folha de São Paulo e acabou municiando os internautas em fervoroso embate nas redes sociais. A lógica é a de que Bolsonaro, do alto da sua incapacidade de gestão, vem usando o legado petista para tentar mudar a imagem de leniência. Sem ideias ou propostas, o presidente tem usado dos programas já existentes para dar uma maquiada na gestão. Por isso, o programa Minha Casa Minha Vida virou Casa Verde e Amarela, e o programa Bolsa Família tende a ser mimetizado para se tornar o Renda Brasil.

https://twitter.com/danielmaiamello/status/1300057001519702017?s=21

O argumento dos bolsonaristas para fugirem do questionamento óbvio da apropriação tem um verniz de republicano. Mas, calma, é só o verniz. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, foi assertivo em depoimento no Congresso ao dizer que as obras não podem ser abandonadas. Até por que elas são fruto de projetos de Estado e não de governos.

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“Sempre se questiona ou se critica a falta de continuidade dos governos. E aqui hoje disseram: ‘Ah, você terminou obra que era de outro presidente, outro governo’. Que bom! Que bom que nós estamos encarando a infraestrutura desta forma. Eu tenho orgulho disso. Terminamos obras de outros governo, sim. O Brasil não pode ser reinventado a cada quatro anos”, disse.

Acho que o ministro não entendeu bem o conceito de Estado usado por ele mesmo. Fosse uma postura correta, ela seria acompanhada da honesta atribuição dos esforços de quem veio antes e tornou a entrega possível. Dependesse exclusivamente do atual governo, nada ainda teria saído do papel, tamanha a desorganização e preocupação exclusiva com memes.

O Bolsa Família foi criticado por Bolsonaro a vida inteira. O Minha Casa Minha Vida também. A Transposição que serviu de palco para as encenações de devoção de Bolsonaro na inauguração de um dos trechos, também. Então, quando a gente fala de obras de estado e não de governos, elas deveriam ter do atual mandatário mais respeito quanto ao DNA das suas estruturas. Tudo fora disso é proselitismo.

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