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‘O dilema das redes’ gera polêmica sobre usuários em ambientes digitais
Termômetro da Política
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 'O dilema das redes' gera polêmica, pois consegue abranger costumes que são comuns em toda parte do mundo.
Novo documentário da Netflix, ‘O dilema das redes’ gera polêmica ao questionar uso das redes sociais (Foto: Reprodução)

A expressão “pôr o bode na sala” cabe bem para o tamanho do problema proposto pelo novo documentário lançado pela Netflix. Ao discutir hábitos da vida moderna, como o uso de smartphones e o tempo que passamos conectados interagindo nas redes sociais digitais, ‘O dilema das redes‘ gera polêmica, pois consegue abranger costumes que são comuns em toda parte do mundo e alcançam as mais diversas tribos e classes sociais.

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O filme aborda temas amplamente já tratados em outras obras, como fake news e uso das redes sociais em processos eleitorais para beneficiar grupos ultraconservadores e antidemocráticos. O diferencial que tem feito ‘O dilema das redes’ ser tão polêmico é focar no usuário. Se não existe almoço grátis, alguém paga a conta por um serviço que é gratuito. No caso, as páginas e perfis nas redes sociais.

E para deixar bem explicado para o espectador que não é estudioso da área da Comunicação, o documentário aborda como funciona o mercado, as formas como os anunciantes disputam a atenção do usuário e o quanto as plataformas investem para que a pessoa entregue mais tempo de sua vida grudada com os olhos em uma tela, pouco importando se aquilo lhe fará bem ou mal.

É interessante ressaltar que apesar de a ideia surgir no filme, ‘O dilema nas redes’ não pede que a pessoa se desconecte para sempre dos ambientes sociais no universo virtual, porém, entenda como o sistema trata o usuário como um produto e conheça todas as armas das quais os algoritmos se utilizam para gerar interesse e manter a pessoa o tempo inteiro on-line.

Riscos sociais e coletivos

Além dos riscos sociais intrínsecos à pessoa que faz uso das redes sociais, como baixa autoestima, depressão, afastamento da família e necessidade intensa de se manter ali, sob aprovação da comunidade e recebendo doses ocasionais de dopamina, ‘O dilema das redes’ também alerta para riscos coletivos. O filme explica como as sugestões de conteúdo com base nos dados do usuário, perfil de consumo e navegação trabalham para mantê-lo conectado e, ao mesmo tempo, conseguem identificar pessoas suscetíveis a conteúdos sensíveis, extremos ou falsos.

Esse tipo de disseminação da desinformação em troca da audiência, sem qualquer controle sobre o quanto um conteúdo perigoso pode ter de alcance ou quem paga por isso, pode ocasionar em problemas de saúde pública. Casos de grupos contrários ao uso de vacinas têm criado pequenas comunidades frágeis a vírus anteriormente controlados. Na pandemia de covid-19, a desinformação já causou a morte de milhares de pessoas. Dentro da política, em diversos países se constatou que essas plataformas foram amplamente usadas para a condução de regimes autoritários e ultraconservadores ao poder. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), eleito em 2018 após um processo extremamente conturbado e repleto de fake news é citado no documentário.

‘O dilema das redes’ é um filme necessário para se entender como as máquinas conseguem extrair o que há de pior nas pessoas. Faz compreender melhor o processo de polarização que se instalou por todo o planeta, e provoca o espectador a repensar seu cotidiano nos meios digitais. Excelente para se assistir sozinho, ou ao lado daquele parente que te manda fake news pelo WhatsApp.

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