Política -
Dilma rebate Miriam Leitão sobre impeachment
Termômetro da Política
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Expresidente Dilma Rousseff acusa jornalista de cometer “sincericídio” (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

A ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT), rebateu, ainda na tarde deste domingo (24), o artigo publicado no mesmo dia pela jornalista Míriam Leitão em sua coluna no jornal O Globo, sob o título “Impeachment pelo passado e pelo futuro”. Em nota, Dilma acusa a colunista de “sincericídio tardio” pelo reconhecimento de que, com o crime pelo qual foi acusada em seu governo, comparado com os crimes cometidos pelo atual presidente, Jair Bolsonaro, seu impeachment terá sido injusto. Na imprensa, Míriam Leitão foi uma das principais opositoras do governo Dilma.

Confira abaixo a íntegra da nota

Miriam Leitão comete sincericídio tardio em sua coluna no Globo de hoje (24 de janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou foi ilegal e, portanto, injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da economia brasileira e pela queda da minha popularidade. Sabidamente, crises econômicas e maus resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na Constituição como justificativas legais para impeachment. Miriam Leitão sabe disso, mas finge ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das principais porta vozes da defesa de um impeachment que, sem comprovação de crime de responsabilidade, foi um golpe de estado.

Agora, Miriam Leitão, aplicando uma lógica absurda, pois baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.

O golpe de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado por políticos sabidamente corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo Judiciário. Um golpe que usou como pretexto medidas fiscais rotineiras de governo idênticas às que meus antecessores haviam adotado e meus sucessores continuaram adotando. Naquela época, muitos colunistas, como Miriam Leitão, escolheram o lado errado da história, e agora tentam se justificar. Tarde demais: a história de 2016 já está escrita. A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo.

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