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Médico que prescreve tratamento precoce contra covid-19 fere juramento, diz professor de Medicina
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João Alho alerta para o risco de mais malefícios que benefícios na prescrição do tratamento precoce contra a covid-19
João Alho alerta para o risco de mais malefícios que benefícios na prescrição do tratamento precoce contra a covid-19 (Foto: Reprodução/YouTube)

Mesmo sem qualquer comprovação científica que aponte benefício no uso dos medicamentos do chamado “tratamento precoce” contra a covid-19, como ivermectina e hidroxicloroquina, a prescrição destes remédios ainda é motivo de divergência entre médicos que estão na linha de frente do combate à pandemia. O médico e professor de Medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA), João Alho, alerta para o risco de existirem mais malefícios que benefícios na conduta e afirma que médicos que prescrevem o tratamento precoce ferem o Juramento de Hipócrates, feito na formatura.

No vídeo mais recente publicado em seu canal no YouTube, o professor explica que a dúvida começa no momento em que não há nada a fazer pelo paciente, e assim os médicos incorrem no erro. “Vários médicos assumem de maneira errada o tratamento precoce para covid-19 justamente porque estão incomodados por estarem nessa situação de não ter nada a fazer”.

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João Alho lembra que na formatura em Medicina, quando os estudantes vão fazer o juramento de Hipócrates, juram primeiramente não fazer o mal. O professor alerta para a falta de evidências científicas na hora da prescrição e afirma que quem assume o risco é o médico em questão. “A gente já sabe que tem zero benefício, e quando você assume o risco de dar essas medicações, você assume apenas o malefício”, explica.

O médico e docente da UEPA também explica que cada medicamento pode apresentar um malefício. No caso do “kit covid“, são muitos os riscos somados. “Você vai somando o malefício da ivermectina, com o malefício da hidroxicloroquina, com o malefício do corticóide”, e afirma de forma categórica: “a gente fere o nosso juramento quando a gente prometeu não fazer o mal”.

João Alho ressalta que o recado serve não só para tratamento da covid-19, mas para entender a Medicina como um todo. “Serve pra gente ter serenidade, tranquilidade em assumir uma conduta conservadora”, diz.

De acordo com o docente, a intervenção deve acontecer quando houver uma probabilidade alta de que aquilo garanta benefício para o paciente. “Se não garante, não adianta. Você vai correr o risco de fazer mal para aquela pessoa, e não foi isso que a gente jurou fazer”, finaliza.

Assista ao vídeo completo a seguir

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