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Mães pedem prioridade para pessoas autistas e cuidadores na vacinação contra covid-19
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Margareth Sphair: filho dela tem grau severo de autismo e não aceita usar máscara (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)

Mães de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), algumas delas profissionais dedicadas ao tema, apontaram como urgente a vacinação desse grupo contra a covid-19. Nesta segunda-feira (17), em audiência pública da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados, elas destacaram que os autistas, em geral, têm dificuldades de usar os equipamentos de proteção individual (EPIs) e de manter o distanciamento social exigido pela crise sanitária, tornando-se, assim, mais vulneráveis ao contágio pelo novo coronavírus.

Por enquanto, a prioridade garantida pelo Ministério da Saúde é só para os autistas que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A falta de vacinação de todos os cidadãos com autismo e de seus cuidadores assusta os familiares, que temem ficarem doentes e não poderem manter o suporte aos filhos.

Margareth Sphair mora em Brasília e é mãe de três homens com autismo. Ela contou que se mudou para uma chácara, a fim de proporcionar mais qualidade de vida a eles na pandemia e os adaptou ao mundo on-line. Margareth salientou a importância do acesso à imunização e deu o exemplo do filho mais novo, que tem um grau mais severo do autismo.

“Já tentei de todas as formas colocar a máscara nele, mas ele não aceita. A gente corre riscos cada vez que vai à cidade, porque ele não usa máscara. O retorno às aulas também seria mais rápido, a parte presencial, se tivéssemos a vacina.”

Interrupção das terapias

As debatedoras listaram ainda os problemas decorrentes da pandemia, como a interrupção das terapias, que provoca retrocessos no desenvolvimento pedagógico e social dos autistas, levando ao aumento de crises e de internações hospitalares.

A psiquiatra Fátima Dourado, que dirige uma instituição de apoio em Fortaleza (CE), relatou que foi suspenso o tratamento em um grupo de crianças de lá, perdendo-se uma “janela de oportunidade neurológica”.

“Esse período não volta mais, está irremediavelmente perdido na vida de bebês autistas que estavam recebendo intervenção precoce. Nós estamos mantendo o tratamento individual, mas não é a mesma coisa”, disse.

A deputada Tereza Nelma (PSDB-AL), que solicitou a realização da audiência, informou que há 1.500 processos judiciais em seu estado para tentar assegurar a continuidade das terapias.

Escolas

Apesar de reconhecer o esforço dos professores, a advogada Camilla Varella, da Comissão de Defesa dos Direitos dos Autistas da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), lamentou que a pandemia também tenha prejudicado a inclusão dos alunos autistas.

“Diante da dificuldade das escolas em fazer a transição do presencial para o virtual, os autistas foram praticamente abandonados. A preocupação foi com o performance das crianças típicas [que não têm autismo], e não houve uma adaptação especial aos autistas.”

Dificuldades financeiras

A presidente da Comissão dos Direitos das Pessoa com Deficiência, deputada Rejane Dias (PT-PI), que tem uma filha autista, ressaltou que os problemas financeiros de muitos pais foram agravados pela pandemia.

“As famílias estão passando necessidade e precisam de renda para comprar medicação e reforçar a alimentação dos filhos com autismo”, comentou.

Durante a audiência, a vice-presidente da Associação Paulista de Autismo, Adriana Godoy, cobrou políticas intersetoriais com ações efetivas de apoio aos autistas.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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