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Ministro mentiu em depoimento à CPI da Pandemia sobre risco de disseminação da covid-19 no futebol, apontam cientistas
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Ministro Marcelo Queiroga em depoimento à CPI da Pandemia (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Em seu segundo depoimento à CPI da Pandemia, nessa terça-feira (8), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mentiu ao afirmar que não há provas de que a realização de partidas de futebol no Brasil aumenta o nível de contaminação pela covid-19. Uma pesquisa desenvolvida em parceria entre a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) confronta a fala do ministro e revela que o risco de contágio no futebol é 13 vezes maior do que o índice de infecção para a população em geral do país.

“A prática de esportes e jogos é liberada no Brasil. O Campeonato Brasileiro de futebol aconteceu com mais cem partidas em um ambiente controlado, sem público nos estádios. Não existe provas de que essa prática aumenta o nível de contaminação”, disse Marcelo Queiroga, mesmo após ser questionado pelos senadores. 

De acordo com o pesquisador do Departamento de Fisiologia e Patologia da UFPB, o virologista Marcelo Moreno, o levantamento revelou um alto risco para essa atividade durante a pandemia, cerca de 13 vezes maior do que o índice de infecção registrado, no mesmo período, para a população brasileira em geral, estimado em 3,6% (7,7 milhões de casos confirmados em uma população de 211,8 milhões para 2020).

A pesquisa A Covid-19 no campeonato brasileiro de futebol, publicada recentemente no periódico Brazilian Journal of Development, foi realizada junto a 625 jogadores de 20 clubes, com idade média de 25 anos. Ao todo, 302 atletas testaram positivo no exame RT-PCR realizado pelos respectivos clubes. De acordo com o trabalho, 48% dos jogadores da série A do Campeonato Brasileiro 2020 foram infectados pela doença.

Apesar de não terem sido registrados casos graves da doença entre os jogadores, a análise epidemiológica indica que esse alto percentual de infecções registrado com a concentração dos jogadores nos clubes favoreceu a disseminação do vírus também fora dos times. 

Para Marcelo Moreno, essa atividade esportiva deveria ter sido interrompida durante a pandemia em virtude da maior propensão ao contágio. “Os clubes se tornaram centros superdisseminadores, não somente entre os que convivem em suas dependências, como também com os externos, pois os jogadores infectados circulam em seus ambientes familiares e sociais. Quantas pessoas esses atletas podem ter infectado?”, destacou o pesquisador, que discorda categoricamente da realização da Copa América no Brasil.

Com informações da Agência Senado e da UFPB.

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