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Morre aos 64 anos o jornalista Walter Galvão
Felipe Gesteira
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Walter Galvão ocupava o cargo de presidente da Fundação Espaço Cultural José Lins do Rêgo (Foto: Reprodução/Facebook)

Morreu na madrugada desta quarta-feira (7), aos 64 anos, em João Pessoa, o jornalista Walter Galvão. Ele ocupava o cargo de presidente da Fundação Espaço Cultural José Lins do Rêgo (Funesc). Galvão era gestor público, escritor, músico, poeta, professor de gerações no jornalismo paraibano e, mais importante, amor de Jória, sua esposa, e Clarice, sua filha.

Ele lutava contra um câncer nas vias biliares e estava internado há uma semana no Hospital da Unimed, em João Pessoa. Não houve velório. Seu corpo foi cremado nesta manhã, em cerimônia reservada à família.

Walter Galvão teve participação de destaque na imprensa paraibana. Atuou nos impressos O Norte, Correio da Paraíba e A União, chegando ao cargo de editor-chefe.

Como gestor público, Walter Galvão ocupou os cargos de secretário de Educação da Prefeitura de João Pessoa, diretor-executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), secretário de Transparência de João Pessoa, Ouvidor-Geral do Município de João Pessoa e secretário-chefe de Gabinete do Município de Conde.

Galvão publicou vários livros, como “Herbert Vianna – O som diz sim” e o “Silabário”. Como músico na juventude, foi vocalista em conjuntos musicais, na década de 1970.

Pesar

O governador João Azevêdo (Cidadania) lamentou a morte do jornalista. “Nesse momento de perda, o governador João Azevêdo se solidariza com familiares, amigos e colegas do jornalista e expressa condolências.”

O presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (PSB), também lamentou a morte do jornalista, em nome de todos os parlamentares e servidores da Casa de Epitácio Pessoa.

A Mesa Diretora da Câmara Municipal de João Pessoa emitiu nota de pesar: “Neste momento de dor e tristeza, pedimos que Deus em sua infinita bondade acolha e conforte o coração dos familiares, amigos, e de todos os que sofrem com a partida de Walter Galvão”.

Carta de despedida

Em texto publicado no Facebook, seu irmão, o professor Lúcio Flávio Vasconcelos, escreveu uma carta de despedida em homenagem a Walter Galvão. Confira na íntegra:

Querido Galvão, meu guru.

Você partiu. Nos deixou prematuramente. Você era mais do que um irmão para mim. Durante 58 anos, foi meu melhor amigo. Sua inteligência, seu amor pelos livros, sua cultura enciclopédica, sua solidariedade e seu companheirismo faziam parte da sua existência e influenciaram decisivamente a minha.

Desde adolescente, você demonstrou ter uma mente poderosa. Não havia tema que não falasse ou escrevesse com competência. Em seus artigos, falava com desenvoltura sobre música, literatura, filosofia, história e política. Eu lia seus textos e ficava embevecido.

Sempre que podia, ia lhe visitar nas redações dos jornais. Ver como você conseguia produzir escritos primorosos naqueles ambientes barulhentos. E sempre conseguia! Um gênio no oficio. Sua vida foi uma inspiração constante para mim.

Mesmo antes de entrar na universidade, me apaixonei pela América Latina ao ler dois livros que você me emprestou da sua fascinante biblioteca: Canto Geral (Pablo Neruda), e O Dilema da América Latina (Darcy Ribeiro). A partir daí você tornou-se meu guru. E era assim que passei a chama-lo na intimidade: meu guru!

Você me ensinou tudo do pouco que sei. Sobre a vida, sobre o amor, sobre a tolerância, sobre a solidariedade com o próximo, sobre a diferença entre ser radical e ser sectário, na vida e na política.

Você era uma radical da liberdade. Ia sempre à raiz do problema. Em todos os momentos, lutou para que as pessoas fossem livres da exploração social, das amarras do preconceito, das limitações da ignorância, do autoritarismo que nos ameaça, dos meus medos.

Em seu último telefonema, mesmo com a voz debilitada pela doença, você manteve o bom humor, a ironia fina, o pensamento lúcido e a crítica ao governo genocida que nos atormenta. Confortou-me mais do que eu a você. Em seu corpo fragilizado, tinha mais força do que eu.

Você se foi apenas fisicamente. Infelizmente não conversaremos mais. Mas, com sua energia, sua força, sua bondade e seu exemplo, sempre estará comigo. No meu coração, na minha mente, na minha vida.

Beijos, meu guru!

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