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Conde é eleita melhor cidade de pequeno porte para se andar a pé no Brasil
Termômetro da Política
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Projeto de reurbanização do Centro de Conde foi eleito o melhor do país entre as cidades com até 100 mil habitantes (Foto: Reprodução/Instagram/territorioconde)

O município de Conde, localizado na região metropolitana de João Pessoa, foi um dos três vencedores do prêmio Cidade Caminhável 2021. A premiação incentiva projetos que implementem melhorias na mobilidade urbana por meio do deslocamento a pé. O projeto de reurbanização do Centro de Conde foi eleito o melhor do país na categoria “Cidades Pequenas” (até 100 mil habitantes). Também foram eleitas Caruaru (cidade média) e Fortaleza (cidade grande).

O projeto foi desenvolvido em 2019, na gestão da ex-prefeita Márcia Lucena (PSB). A gestora comemorou o prêmio em publicação nas redes sociais. “Um trabalho totalmente inovador e feito ouvindo a população e agora serve de exemplo para o Brasil”, publicou Márcia.

Sobre o prêmio

Planejar e implementar projetos para priorizar os deslocamentos ativos deve ser prioridade nas cidades brasileiras, desde 2012, de acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal 12587). O deslocamento a pé é o transporte mais expressivo na vida urbana, representando 39% dos deslocamentos diários nas cidades brasileiras. Além disso, cidades mais caminháveis são mais sustentáveis, resilientes, saudáveis, sociáveis e democráticas.

Nesse sentido, o Prêmio Cidade Caminhável buscou conhecer e reconhecer os projetos e iniciativas que o poder público realizou nos últimos anos no caminho da priorização do caminhar. Sua primeira edição teve 28 projetos válidos inscritos, de 16 cidades diferentes, de 10 estados e do Distrito Federal, tendo inscritos de todas as regiões do país, menos do Norte. Todos os projetos estão em um mapa de iniciativas públicas para caminhabilidade disponíveis no site do Prêmio, para que inspirem mais projetos.

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Os projetos vencedores foram analisados por quatro mulheres especialistas em mobilidade e cidades: Jessica Lima, engenheira civil, professora da UFAL, e especialista em transportes, acessibilidade e mobilidade urbana; Kaísa Isabel Santos, arquiteta e urbanista atuante no tema da acessibilidade e conselheira fiscal do IAB SP; Meli Malatesta, arquiteta e urbanista especializada em Mobilidade Ativa, e presidente da Comissão Técnica de Mobilidade a Pé de Igualdade; e Sonia Lavadinho, geógrafa, antropóloga e socióloga urbana portuguesa, que atua pela mobilidade ativa com métodos de participação cidadã, e é fundadora da Bfluid. Elas avaliaram os projetos nas três categorias: cidades pequenas (até 100 mil habitantes), médias (100.001 a 800.000 habitantes) e cidades grandes (mais de 800.001 habitantes). Por meio de seis critérios de análise: caminhabilidade, impacto, participação social, colaboração e inovação.

Para Meli Malatesta, jurada do prêmio, há grande diversidade de projetos e ela diz ter ficado feliz e surpresa em ver iniciativas das cidades grandes, segundo ela “por muito tempo as grandes cidades negaram a importância e sua responsabilidade com a mobilidade a pé, pensavam apenas em deslocamentos motorizados, é importante ver esse movimento por planos e projetos propostos pelo poder público nestas cidades”. As vencedoras mostram alguns caminhos possíveis em diferentes escalas de cidade.

O Prêmio é realizado pela ONG SampaPé e teve o resultado da edição 2021 divulgado nessa terça-feira (3).

Inovação

A iniciativa vencedora na categoria de cidades pequenas foi a Reurbanização do Centro de Conde, município paraibano com cerca de 25 mil habitantes que revolucionou a forma de planejar e executar a cidade, garantindo participação da população e criando uma experiência de caminhar muito mais agradável para as pessoas.

Para realizar o projeto, uma carta de diretrizes foi co-construída com a população para contemplar seus desejos e necessidades. Com base nessa carta foi feito um concurso nacional para projetos de urbanismo para requalificação do núcleo central da cidade, onde estão concentrados os mais importantes espaços e equipamentos públicos, contemplando as diretrizes apontadas na carta. O projeto a ser implantado foi escolhido por júri participativo com a cidadania, que além de avaliar se os projetos promoviam os princípios da carta, também considerou a viabilidade e aplicabilidade das propostas.

O projeto promoveu o redesenho dos espaços públicos, proporcionando mais segurança viária por meio de ruas compartilhadas, diminuição de velocidades, e priorização do caminhar. Um dos resultados foi a criação de uma nova dinâmica de uso dos espaços públicos para lazer no período noturno, com presença de crianças e jovens pedalando.

A jurada Sonia Lavadinho destacou como pontos fortes do projeto a originalidade de promover um concurso nacional, o envolvimento da cidadania no processo e a mudança de hábitos no uso dos espaços em novos horários como resultado. Para ela, “foi muito interessante ver todas as etapas do projeto com envolvimento da população de forma ativa e não apenas consultiva, mas realmente decidindo sobre o projeto”. Ela espera que sirva de inspiração para outras cidades, mas acredita que para isso, é necessário ter uma boa análise de resultados do projeto em frentes diversas como impactos nas mudanças climáticas e na criação de convivência intergeracional.

Com informações do SampaPé.

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