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Volta do calendário esportivo reaquece mercado das corridas de rua na capital
Grace Vasconcelos - sob supervisão de Felipe Gesteira
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Calendário das competições de corrida de rua foi reaberto pela Prefeitura de João Pessoa com a Corrida das Assessorias (Foto: Divulgação/PMJP)

Após mais de um ano sem corridas de rua na capital, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) deu a largada para o início do calendário dessas competições com a Corrida das Assessorias, que ocorreu no segundo domingo de agosto (8). A volta desses eventos marca também o retorno das atividades de muitos profissionais que estavam parados diante da impossibilidade de exercer suas atividades, um grupo que vai desde empresários até fotógrafos.

Em parceria com a PMJP, a empresa TRCrono Eventos Esportivos, representada por Rafael Coelho, também participou da organização desta primeira corrida. Desde o início da pandemia, esta foi a primeira grande competição promovida pela empresa, que teve o faturamento zerado durante o período de restrições mais duras. Para contornar a situação, as corridas também se tornaram virtuais.

Foi on-line e com isolamento garantido que 500 competidores de todo o país participaram das corridas promovidas pela TRCrono nos primeiros meses da pandemia de covid-19 no Brasil. Os participantes recebiam em casa ou buscavam os kits com medalha, camisa e número de peito, escolhiam o espaço onde iriam correr, em qualquer distância, com tudo sendo registrado por um aplicativo de celular. A empresa realizou três corridas virtuais, incluindo uma infantil.

O empresário afirma que está ansioso para a retomada das competições presenciais, principalmente por aquelas que foram adiadas durante os últimos meses. A Corrida das Assessorias também marca um momento de testes e adequações para manter a segurança dos envolvidos no evento. Foram 500 competidores e 18 assessorias, com uso obrigatório de máscaras e largada em blocos de participantes.

Competidores esperam corridas seguras

Durante o período mais rígido de distanciamento social, a laje do prédio onde mora se tornou o espaço de treino da publicitária e maratonista amadora Tamara Nery. Depois ela optou por outros lugares ao ar livre e sem concentração de pessoas, como o Centro de Convenções, em João Pessoa. Ela também adquiriu uma esteira e materiais de musculação para fortalecer os treinos em casa, com mais segurança.

“Olhando apenas pelo lado esportivo, é muito desmotivador não ter provas para correr, porque deixa a pessoa sem um objetivo, sem um alvo”, relata a maratonista.

Tamara Nery considera que provas ajudam na motivação (Foto: Arquivo pessoal)

Na Corrida das Assessorias, os competidores que fazem parte de grupos assessorados por profissionais especializados na atividade puderam optar pelo percurso de 5km ou 10km. A largada da prova foi realizada em ‘ondas’, com momentos distintos para cada bloco de participantes, o que impede que todos os atletas saiam juntos, com o vencedor sendo definido por tempo individual, medido por chips.

Segundo o prefeito Cícero Lucena, a corrida funcionou como um teste para os futuros eventos. A PMJP tem como objetivo estabelecer melhores protocolos de segurança, estratégias para evitar aglomerações e para o monitoramento do uso de máscaras. Isso é exatamente o que a maratonista Tamara Nery espera: a garantia de uma corrida um pouco mais segura para os atletas e espectadores.

Ênio da Silva acredita na retomada com protocolos de segurança (Foto: Arquivo pessoal)

O analista de TI e maratonista amador Ênio da Silva, que competiu na Corrida das Assessorias, está com boas expectativas para a volta das competições, principalmente por ter testemunhado o cumprimento de todos os protocolos durante o evento.

“Acredito que se todos os procedimentos forem adotados com eficiência nas corridas que estão por vir, teremos mais corridas de rua acontecendo em todo o Estado e para todos os gostos, sejam provas rápidas até as de longa distância”, afirma o competidor.

A volta da fotografia de corridas de rua

Se não fosse o emprego de professor de sociologia, o fotógrafo freelancer Matheus Firmino dependeria do mercado da fotografia das corridas de rua para sobreviver durante a pandemia. Os fotógrafos foram uma das categorias que mais sofreram com a impossibilidade de exercer seu trabalho, e sem esses eventos, tudo ficou parado.

Matheus afirma que vários profissionais precisaram vender seus equipamentos, inclusive colegas próximos, para usar o dinheiro nas contas e alimentação. Alguns tentaram vender quadros, ele também, mas com as praias e locais fechados, tinha dificuldade até para fotografar paisagens. Além disso, ele seguiu todas as orientações de isolamento social e de higiene, preferindo evitar se expor ao vírus.

O fotógrafo cobriu algumas corridas durante esse período, mas optou por aquelas com menos participantes e que não solicitaram uma grande concentração de pessoas próximas. Ele mantinha distância dos corredores e dos outros profissionais para se manter em segurança.

Em João Pessoa, ele fotografou a Corrida das Assessorias e tem uma boa expectativa sobre as próximas agendadas, mas mantém a preocupação por aquelas pessoas que ainda não estão vacinadas. Matheus também relata que os contratantes do seu serviço estão bastante otimistas e que na sua agenda já existe choque de horário com tantas corridas programadas para a cidade e outros estados do Nordeste.

Como escolher um bom tênis de corrida

Alysson Pires é proprietário da loja Free Runner, especializada em artigos de corrida de rua, e garante que mesmo com a pandemia, o setor se manteve bastante aquecido. O empresário explica que pessoas que estavam sedentárias passaram a se exercitar, buscando uma vida mais saudável e acreditando no poder dos exercícios físicos para evitar casos graves e a morte por covid-19.

No início da pandemia e com o isolamento social, ele precisou modificar a forma de vender seu produto e buscou estratégias para manter sua marca viva: decidiu realizar atendimentos a domicílio e investiu nas redes sociais, já que ele não tinha um e-commerce, apenas a loja física. Com as academias fechadas, as opções escolhidas eram esportes ao ar livre, como as corridas, ciclismo e caminhada.

Alysson descreve esse momento como um boom no mercado de tênis de corrida, a ponto de ficar sem produto por causa da falta de estoque das marcas, um problema que dura até hoje. “O mercado continua aquecido e em ascensão”, define.

Empresário Alysson Pires dá dicas para a escolha do melhor tênis (Foto: Arquivo pessoal)

O empresário também dá dicas para a escolha do melhor tênis, destacando três partes importantes do produto: a entressola, o drop e o cabedal. O primeiro, para ter o melhor desempenho, deve ser escolhido aquele composto mais leve, com melhor absorção de impacto e responsividade, o que pode devolver mais energia ao atleta.

O drop é a diferença da altura entre a ponta do tênis e o calcanhar. Alysson explica que o atleta pode preferir uma altura mais alta ou mais baixa, dependendo do gosto. Já o cabedal é o tecido utilizado no tênis, que pode ser mais respirável e de rápida secagem. Os corredores profissionais costumam buscar tênis com pouco amortecimento, para ganhar velocidade. Já para os amadores, são vendidos tênis com maior absorção de impacto.

“Não existe o melhor tênis, não tem uma regra, existe o que é melhor para cada corredor. A dica que eu ofereço é provar vários modelos, porque é maior a possibilidade de acertar na sua compra. Indicação é importante, mas nem sempre o que foi bom para mim, pode ser bom para você”, esclarece Alysson.

As próximas competições devem ser marcadas pela busca do cumprimento dos protocolos de segurança e por estratégias que possam garantir o distanciamento e o uso de máscaras. É incontestável o bem-estar físico e psicológico que trazem as competições, mas elas não devem se apresentar como um perigo para a saúde dos competidores e envolvidos.

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