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Centenário de Paulo Freire rende homenagens e ataques de bolsonaristas ao legado do patrono da educação brasileira
Termômetro da Política
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Doodle do Google homenageou centenário de Paulo Freire (Imagem: Reprodução/Google)

O rosto do filósofo, pedagogo e patrono da educação brasileira, Paulo Freire, estampou no domingo (19) o Doodle (versões divertidas do logotipo da empresa para comemorar feriados, aniversários e a vida de artistas famosos, pioneiros e cientistas) do Google, em referência ao seu centenário. A homenagem motivou uma divisão política nas redes sociais, pois apesar de ser absolutamente respeitado por seu legado, o cientista e educador é atacado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Freire é referência em método de alfabetização e ensino em diversos países, premiado internacionalmente e publicou diversas obras sobre educação durante sua vida, sendo a “Pedagogia do Oprimido” uma das mais famosas.

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Na medida em que é referência para o mundo, Freire também é criticado pelo presidente Bolsonaro e seus filhos. Há dois dias, Eduardo Bolsonaro publicou em seu perfil no Twitter: “Educação do país de péssima qualidade e não se pode nem criticar o patrono desta bagunça? Isso não é justiça, é militância doentia”. Insultando a memória do educador, o deputado se referia a uma decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro que proibiu o Governo Federal de atacar institucionalmente a dignidade de Freire.

O educador recebeu homenagens de diversas personalidades públicas durante seu aniversário de 100 anos, como a paraibana Juliette, o ilustrador Chico Shiko e Emicida.

O legado de Paulo Freire

O educador criou um método próprio de alfabetização de adultos que visava também que percebessem o sistema de opressão no qual estavam inseridos, para que a partir da identificação, o oprimido pudesse superá-la. O método foi utilizado no Programa Nacional de Alfabetização, durante o governo de João Goulart, e tinha a meta de realizar uma alfabetização em massa.

Com a chegada da Ditadura Militar, em 1964, o programa foi encerrado menos de três meses depois da sua iniciação. Freire foi preso e teve que seguir para o exílio no Chile, onde se tornou assessor do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e do Ministério da Educação, desenvolvendo programas educacionais para adultos, e pode escrever sua obra mais conhecida, a Pedagogia do Oprimido.

Após 16 anos, Freire voltou ao Brasil, já em 1980, quando começou a lecionar em grandes universidades do país como a Unicamp E PUC-SP. Na gestão de Luíza Erundina, ele assumiu a secretaria de Educação de São Paulo em 1989 e, durante seu mandato, trabalhou na recuperação salarial dos professores, na revisão curricular e na implantação de programas de alfabetização de jovens e adultos.

Freire morreu em 1997, vítima de um infarto do miocárdio. Após 14 anos, o projeto de Lei 12.612, de autoria de Luíza Erundina, declarou o educador como o Patrono da Educação Brasileira. Mas ainda em vida, o brasileiro recebeu diferentes prêmios por sua atuação: Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento – Bélgica, 1980; Prêmio Unesco da Educação para a Paz, 1986; Prêmio Andres Bello como Educador do Continente – Organização dos Estados Americanos, 1992.

O método de Freire foi exportado para a Finlândia, Estados Unidos, Chile, também é conhecido como o brasileiro com maior número de títulos de doutor honoris causa, recebendo homenagens em cerca de 35 universidades espalhadas pelo mundo.

Com informações do Instituto Paulo Freire e Uol; colaborou Grace Vasconcelos.

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