Cultura -
Trabalhadores do audiovisual divulgam carta de repúdio contra a Câmara de João Pessoa
Grace Vasconcelos - sob supervisão de Felipe Gesteira
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Homenagem negada pelo Plenário da Câmara foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (Foto: Divulgação/CMJP)

O Fórum Setorial do Audiovisual Paraibano publicou uma carta de repúdio contra a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), após a casa negar o voto de aplauso para a 16° edição do Festival Comunicurtas, promovido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), na cidade de Campina Grande. O repúdio foi contra a negação do voto e a forma como foi negado, porque a argumentação levantada pelos vereadores seria de que uma das obras atacava a “família tradicional”.

O voto de aplauso foi apresentado por Marcos Henriques (PT) na sessão ordinária do dia 14 de dezembro. Durante a discussão, a vereadora Eliza Virgínia (PP) afirmou que o voto dava aplauso para o filme “Álbum em Família”, dirigido por Daniel Belmonte, e que ele questionava a “família tradicional brasileira”. A obra integrava a Mostra de Longas Nacionais do festival e conta a história de um grupo de atores que se juntam para ensaiar uma peça de Nelson Rodrigues. O filme debate a família tradicional brasileira, através dos personagens que usam os próprios familiares em cenas e filmagens. A vereadora apresentou uma entrevista em que o diretor afirmava:

“Eu acho que tem tantas pessoas que se dizem defensores da moral, da ética, dos bons costumes e da família tradicional brasileira, e quando vamos olhar essas pessoas estão inclusive criminalmente condenadas…”

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Eliza disse que o filme era uma tentativa de desconstrução da família tradicional e pediu para que seus colegas de plenário não apoiassem a proposta de aplauso. Em resposta, Marcos Henriques ressaltou que o Festival apresentava várias obras e que esse é apenas um dos filmes que pertenciam à programação, disse que não estava pedindo voto para o filme, mas para a UEPB, que valorizou os trabalhadores do audiovisual através do evento.

“A senhora pega um ponto fora da curva para tentar colocar sua pauta, que na verdade, descontextualiza totalmente o meu voto de aplauso. Eu peço aos meus companheiros que possam valorizar as políticas da universidade estadual e o audiovisual no nosso estado”, rebateu Marcos Henriques.

Seguindo Eliza Virgínia, os vereadores formaram maioria contra o voto de aplauso. O Fórum afirmou que não cabe a nenhuma casa legislativa reprimir o direito à liberdade de expressão dos artistas e que o entendimento da obra de Nelson Rodrigues como uma destruidora da família brasileira causou uma estranheza. Também ressalta que o trecho da entrevista apresentada pela vereadora não deixa claro que o longa tem o objetivo de “destruir a família” e que o Festival não pode ser resumido apenas a uma obra.

Na carta, o Fórum afirma que Eliza Virginia agiu contra os avanços do setor cultural no município e o papel da UEPB, induzindo outros vereadores a votarem contra a proposta de forma equivocada. Também se solidarizaram com o vereador Marcos Henriques, a UEPB, com a produção do 16° Comunicurtas, o diretor Daniel Belmont, além de todo o setor cultural do estado.

Confira a carta na íntegra:

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