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MST denuncia assassinato com indícios de ódio e violência de gênero na Grande João Pessoa
Termômetro da Política
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Trabalhador Sem Terra e gay assumido, Severino vivia há 9 anos no pré-assentamento Vanderlei Caixe, no município de Pedras de Fogo, na Paraíba (Foto: Rafael Stedile/MST)

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado Paraíba denuncia o assassinato violento do assentado Severino Bernardo da Silva, conhecido como Suzy (Gay Sem Terra), que residia no pré-Assentamento Vanderlei Caixe, no município de Pedras de Fogo, localizado na região metropolitana de João Pessoa.

De acordo com o MST, o corpo de Suzy foi encontrado nessa segunda-feira (4), em sua casa, com sinais brutais de violência, o que indica, além do homicídio, crime de ódio.

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Suzy vivia no assentamento há nove anos. Em nota, o MST da Paraíba se solidariza com a família e exige que o poder público investigue o assassinato e encontre os culpados pela morte de Suzy.

Confira a nota do MST na íntegra:

É com indignação que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado Paraíba, denuncia o assassinato de Severino Bernardo da Silva, conhecido como Suzy (Gay Sem Terra) que residia no pré-Assentamento Vanderlei Caixe, localizado no município de Pedras de Fogo, na Paraíba. Seu corpo foi encontrado nesta segunda-feira (4), em sua residência, com sinais brutais de violência e ódio por todo o corpo.

Severino, a Suzy, como gostava de ser chamado, era trabalhador Sem Terra, gay assumido no assentamento em que vivia, há 9 anos. Ele gostava muito do trabalho e da vida no campo, o que o levou a lutar pela terra, conquistando o seu maior sonho de ser assentado da Reforma Agrária. Atualmente cultivava em seu pedaço de terra macaxeira, batata-doce, inhame, abacaxi, mamão, maracujá, banana e abacate.

Suzy é mais um LGBT Sem Terra que perdemos para a LGBTIfobia. A cada 29 horas 1 sujeito LGBT é assassinado no Brasil. Cerca de 20 milhões de brasileiras e brasileiros, uma média de 10% da população, se identificam como pessoas LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Cerca de 92,5% dessas pessoas relataram o aumento da violência, segundo pesquisa da organização de mídia Gênero e Número, com o apoio da Fundação Ford. Em 13% das ocorrências, que chegaram a ser registradas, as pessoas sofreram também violência física.

Exigimos que os órgãos de justiça realizem as investigações necessárias e que os culpados por esse crime sejam responsabilizados. Justiça por Suzy, já!

Nos solidarizamos com os familiares, amigos e toda militância Sem Terra que tem acompanhado de perto as alegrias e as dores que Suzy travou na luta pelo direito à terra. Seguiremos nas trincheiras contra toda forma de violência. A resistência de Suzy e sua alegria em ver a terra repartida, nos motiva a seguirmos firmes contra a LGBTIfobia.

Refirmamos: malditas sejam todas as cercas e leis que impedem o ser humano de viver e amar; maldita seja a LGBTIfobia que ceifa a vida e os sonhos da população LGBTI+. Resistiremos!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
04 de julho de 2022, João Pessoa – Paraíba

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