Cultura -
Documentário relaciona Campina Grande com movimentos conservadores e de extrema direita
Grace Vasconcelos - sob supervisão de Felipe Gesteira
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(Imagem: Reprodução)

Campina Grande é analisada em documentário que observa a ligação da cidade e movimentos conservadores e de extrema direita. O filme relembra casos que ocorreram na Câmara Municipal, na gestão de Romero Rodrigues (PSC) e Bruno Cunha Lima (PSD), até o caso da seita Borboletas Azuis. “De forma alguma eu tinha consciência do buraco que a gente tava”, afirmou Fabiano Raposo, diretor do documentário “Deus Vult”. 

A relação entre Campina Grande e o conservadorismo é contada através de uma seleção de vídeos que tentam mostrar o que é a cidade, como os movimentos se apresentam e ocupam espaços políticos. O filme não apresenta fatos novos sobre o que é o movimento conservador e de extrema direita da cidade. São momentos que estiveram presentes nos noticiários regionais e nacionais sobre Campina Grande, mas que conta com a análise de especialistas sobre o tema. Entre os convidados, estão pesquisadores, jornalistas, advogados e a vereadora campinense Jô Oliveira (PCdoB).

Segundo o diretor e produtor do documentário, Fabiano Raposo, a ideia inicial era abordar como a cidade de Campina Grande foi perdendo um caráter mais “progressista” até chegar ao momento atual, considerado por ele como reacionário. Raposo pretendia mostrar como experiências culturais se perderam na cidade e abriram caminho para perspectivas conservadoras, mas percebeu que essa era uma “ideia antiga” de Campina Grande. Afinal, a cidade teria expressado outras vezes a preferência por candidatos de direita, refletiu ele.

Fabiano também não pretendia falar sobre as influências do bolsonarismo e do olavismo em alguns segmentos da sociedade campinense, mas percebeu que não poderia deixá-los de fora do documentário. Segundo o diretor, ele entendeu que a cidade não vive apenas do discurso conservador, mas de sua manutenção, que hoje estaria associada diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Deus Vult é apenas o segundo documentário do diretor, que firmou uma carreira como ator e produtor. O seu primeiro filme documentário, o “Enquanto a Justiça Tarda” (2009), foi realizado como trabalho de conclusão de curso e retratava outro momento histórico de Campina Grande, a ação do grupo de extermínio Mão Branca. Apesar disso, a obra também é considerada por ele como política. Porém, Deus Vult nasce em um contexto diferente.

Ele considera que estamos vivendo uma época em que foi estabelecida uma “guerra cultural”, com uma disputa de narrativas. “É preciso pensar muito bem como contar com a minha perspectiva. Minha ideia não é absoluta, mas vou defender como se fosse”, afirma o diretor. O cineasta também acredita que é muito difícil entender o momento atual e quanto mais analisamos discursos conservadores e da extrema direita, mais assustador fica. 

Ele afirma que o mais incômodo são as justificativas utilizadas pelos conservadores que ocupam lugares políticos para negar pautas progressistas. Segundo ele, o problema não é negar, são os discursos. Raposo utiliza como exemplo o voto de aplauso para o Partido Comunista do Brasil e Partido dos Trabalhadores, em comemoração aos seus aniversários, que foi negado pela Câmara dos Vereadores de CG. Na ocasião, o vereador Pastor Luciano Breno disse que Lúcifer era o “mentor espiritual” dos partidos. A cena também faz parte do filme.

O documentário foi contemplado pelo edital N° 003/2020, de Prêmio de Audiovisual, da Lei Aldir Blanc de Campina Grande. Ele não possui previsão para ser exibido on-line ou presencial, mas o diretor pretende levá-lo para festivais ou organizações que desejem apresentar o filme e está aberto para convites. 

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