Cultura -
São João de Patos pode não ser o maior do mundo, mas se consagra como o melhor
Laura de Andrade - sob supervisão de Felipe Gesteira
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Verdade seja dita: todo bom patoense deixa a disputa de maior São João do mundo para as cidades de Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco. Isso porque o glamour, a quantidade de dias ou até mesmo a área em metros quadrados do espaço não faz do evento inferior. As festas juninas de Patos são únicas e conquistam por manterem sua tradição ano a ano, e isso faz delas o melhor São João do país.

Após o período de pandemia, o público parece viver essa época como se fosse a última. E viver o São João não se limita a só estar nele. Ao chegar perto da abertura das festas, surge uma dose extra de esperança que vai desde o comércio local, que abastece o estoque das mercadorias, até a casa de dona Maria, que aguarda o ano inteiro pela data para reencontrar o filho que mora distante. O público que vem de longe, por sinal, fiel às festas, escolhe a dedo as roupas de cada dia de evento muito antes da abertura. As ruas da cidade se enchem de bandeirinhas, o volume do som dos restaurantes aumenta e a trilha sonora só toca forró.

Programação do São João de Patos inclui mais duas noites de festas (Foto: Reprodução/Instagram)

Neste ano, o Coreto 2 manteve a sua tradição, que para acontecer, só precisa de forró pé de serra gratuito dos artistas locais, muita gente reunida e um só foco: se divertir. Localizado ao lado do famoso Terreiro do Forró, o turno que acontece este movimento é pela tarde, quando o Sol “baixa”, como dizem os patoenses, ou as temperaturas ficam mais amenas, por volta das 16h. É, também, um lugar de muita paquera.

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Localizada ao centro da cidade, no Terreirinho do Forró, está montada a “cidade cinematográfica”. Quem passa pela avenida Epitácio Pessoa consegue ver a estrutura colorida que tem atraído muitos turistas, além dos próprios moradores do município.

Mais tarde, no Terreiro do Forró, local onde acontecem os shows dos artistas, o público se organiza para chegar cedo e garantir um lugar tranquilo, porque a tendência é, no decorrer das horas, o local comportar cerca de 70 mil pessoas. Com segurança reforçada pela Prefeitura de Patos, o público tende a permanecer até o sol nascer no dia seguinte, momento de partir em direção ao Mercado Central e tomar um café da manhã caprichado. 

É quando está amanhecendo que a empresária do ramo da gastronomia local, Maria do Bode, esquenta as panelas: sinal de que os forrozeiros estão dando os últimos virotes e logo mais marcam presença no seu restaurante, onde se fartam de cuscuz e bode e outras delícias. O encontro faz parte desta época do ano.

Antes de sentir saudade da rotina que se repete por cinco dias consecutivos, a cidade oferece mais dois dias de festas: sobem ao palco a dupla Jorge e Mateus, os cantores Bizay, Felipe Amorim, Tinan e Gustavinho Sanfoneiro, nesta quinta-feira (22); na sexta-feira (23) a noite ficará por conta dos artistas Henry Freitas, Luan Santana, Zé Cantor, Forró do Nosso Jeito e Sanara Show.

No sábado (24), como há de prever, o que vai restar é a saudade, e “não tem conversa, nem cachaça que dê jeito”, como diz a canção de Accioly Neto, de voltar os últimos cinco dias. É hora de aguardar a próxima edição até chegar o dia de decorar a rua, separar as roupas para a festa, comprar as bebidas no caminho do Terreiro e viver tudo de novo, como todo público fiel à conquista do São João de Patos.

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