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Projeto propõe passeios de bicicleta por lugares interessantes e pouco conhecidos de João Pessoa
Laura de Andrade*
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Todas as gerações têm direito à cidade. E esse direito perpassa o direito de habitar, utilizar e querer um lugar para se morar cada vez mais justo, inclusivo, democrático e sustentável. Com a proposta de ‘descarbonizar’ a cidade de João Pessoa, o projeto “Cicloturismo – Conheça João Pessoa de Bicicleta” promete levar sobre duas rodas turistas e os demais interessados para destinos interessantes e pouco conhecidos da capital paraibana. Lançado em 2020, o trabalho entrou no Mapa das Iniciativas Urbanas Climáticas (MIUC) da Coalizão Clima e Mobilidade Ativa, proposta que mapeia iniciativas urbanas que foram reconhecidas pelos seus impactos positivos na agenda climática do país.

Desbravar lugares em cima de uma bicicleta pode tornar a experiência única (Foto: Divulgação/Thiago Nozi)

Apesar de pautas envolvendo a sustentabilidade serem recorrentes na capital paraibana, para a coordenadora do Projeto de Extensão da Universidade da Paraíba, o Pedagogia Urbana, Andréa Porto Sales, não existia nenhuma prática de descarbonização na cidade. Descarbonização é o processo de buscar ações para evitar, reduzir e compensar a emissão de carbono e outros gases de efeito estufa da atmosfera. O Cicloturismo, que tem gestão compartilhada, surgiu a partir da ideia de estimular esta redução dentro do Pedagogia Urbana, atuante desde 2018. “Hoje, estamos estudando a melhor forma de comercialização das rotas, pois queremos garantir a propriedade intelectual das nossas comunidades nas rotas”, disse Andréa.

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O objetivo do Pedagogia Urbana, segundo a coordenadora, é de colaborar com a redução das desigualdades do país, como reflexo da responsabilidade social que a universidade se propõe a ter. A atuação pode acontecer através de ações assistencialistas, pedagógicas ou de assistência técnica. “Buscamos estimular o exercício da cidadania através de ações que estimulem o pertencimento, oferecemos assistência técnica às comunidades e ativistas, cursos de formação variados para fortalecer as capacidades dos indivíduos que buscam seu Direito à Cidade”, disse Andréa.

O direito a cidades sustentáveis é previsto no Estatuto da Cidade através da Lei no 10.257/2001, no art. 2o, incisos I e II, e compreende o “direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”. A mobilidade ativa pela bicicleta garante acesso aos mais diversos serviços e espaços públicos de modo mais fluido, atento e saudável, defende Andréa. Mas isso só acontece quando há infraestrutura para garantir o deslocamento. Para a coordenadora, esse não é o caso da cidade de João Pessoa.

Uma mobilidade que estimula a socialização

Entre os objetivos aos quais o projeto se propõe, um deles é o de oferecer um produto turístico sustentável para a cidade, pautado na descarbonização. Logo, “Conheça João Pessoa de Bicicleta” passa a ser, também, um convite à redução dos gases do efeito estufa. No site oficial do serviço, é possível observar que a consciência ecológica e a responsabilidade social são pontos que a atuação do projeto preza, em nome da criação de uma conexão cada vez mais autêntica com as pessoas e a cada lugar visitado.

A ideia também tem a intenção de contribuir com a permanência do turista que vem até João Pessoa por mais tempo, uma vez que a proposta sugere um turismo lento, com a característica de priorizar a sustentabilidade e o consumo consciente, aponta a coordenadora. Gerar renda para as comunidades locais e estimular a implementação de uma maior infraestrutura cicloviária também fazem parte da ideia do projeto.

Andréa acredita que se o turismo fosse um país, ele seria um dos mais poluentes do mundo. O cicloturismo aparece como uma possibilidade alternativa em contramão aos modais que poluem. “Atualmente, veículos movidos a combustíveis fósseis são responsáveis por 40% da emissão dos gases da cidade. Dentro desses 40%, o uso do automóvel e de ônibus particulares (de operadoras, com destaque) é de 70%”, aponta a coordenadora.

Para agendar os passeios, os interessados podem acessar o site do projeto que irá direcioná-lo para a agência de turismo parceira, ou pela página na rede social digital Instagram, através do @ciclotur_jp. Como requisito, é necessário apenas saber andar de bicicleta. Não existe limite de idade. No entanto, a depender do perfil do grupo, o percurso pode sofrer algumas adaptações.

*sob supervisão de Felipe Gesteira

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