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Caso de mudança repentina na administração de escola pode gerar indenização por danos morais
Termômetro da Política
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Para muitas famílias, a definição da escola dos filhos envolve alguns fatores, como a distância entre a casa e a instituição, o método educacional, a estrutura do lugar, reputação, entre outras características. Um aluno adaptado à rotina do colégio pode ser prejudicado com mudanças drásticas após a realização da matrícula. Foi o que aconteceu na virada do ano de 2023 para 2024 com o antigo Colégio do Bem, em João Pessoa, submetido a uma nova administração, e que agora chama-se Hebreus 02, com mudança também no perfil educacional. Alguns pais haviam realizado a matrícula no ano passado, para o ano letivo de 2024, outros, adquirido o material didático ou fardamento das crianças. Segundo o advogado Mateus Marques, os pais podem pedir indenização até por danos morais.

A nova administração da escola se reuniu com os pais e responsáveis pelos alunos do antigo Colégio do Bem (Foto: Reprodução/Instagram)

“Meu Deus… quanta mudança em pouco tempo”, comentou Noeme Britto no perfil oficial da empresa na rede social digital Instagram.

No perfil da escola no Instagram, é possível observar bandeiras de Israel nas postagens; na farda, a estrela de Davi estampando a nova escola. As mudanças não param por aí. Ainda nas postagens do novo colégio, que começaram a ser divulgadas no último domingo (21), a escola promete ressarcir o valor da matrícula de quem a realizou antes da mudança com isenção da mensalidade do mês de dezembro deste ano, fardamento novo e material didático também sem custos. No entanto, o advogado Mateus Marques explica que além da reparação prometida pela nova instituição de ensino, os pais ainda podem pedir uma indenização pelo problema sofrido.

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“Há todo um planejamento dos pais para colocarem seus filhos nas escolas, algumas das quais possuem até fila de espera para a matrícula. Tudo isso será levado em conta numa análise judicial, para deferimento do pedido de indenização por dano moral. De modo que visualizo que é cabível uma indenização judicial”, explicou o advogado.

Ainda que seja uma situação atípica, Mateus afirma que a situação está respaldada pelo Código de Defesa do Consumidor, já que a relação entre a escola e os pais dos alunos é uma relação de consumo. “O artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor estabelece que o fornecedor do serviço, nesse caso a escola, deve cumprir com a oferta que foi apresentada, no caso, o serviço de ensino, uma vez que houve efetivamente a realização das matrículas pelos pais”, afirmou.

Advogado Mateus Marques (Foto: Arquivo pessoal)
O que pensam os pais

“Fiquei em choque”. Foi assim que Adriana Carvalho, que chegou a comprar o fardamento da antiga escola, o Colégio do Bem. “Não deu tempo de comprar o material didático porque estava esperando começar [o ano letivo] para comprar os livros”, conta a mãe, que ficou apreensiva com a mudança repentina. “Pela primeira vez que passei por isso”, conta.

Esse seria o primeiro ano da sua filha no antigo colégio. Para Adriana, a escola Hebreus prometeu reduzir as mensalidades e isentar os pais de outros gastos com o material didático. 

Ainda no Instagram, que permanece com o nome de usuário da antiga escola, o @colegiodobem, pais argumentam que a mudança deveria ter acontecido em outro momento e se preocupam com o gasto dos livros adquiridos em 2023. “Mudança deveria ser feita no final do ano, pelo vídeo o material é incluso na mensalidade, diferente do Colégio do Bem, seremos reembolsados?”, comentou Geanne Correia.

O advogado entrevistado trouxe a informação de que os pais podem rescindir o contrato e serem restituídos pelos gastos e, caso entrem com uma ação judicial, recomenda que se unam para fazer uma só ação. “O próprio artigo ainda dá a opção para, de forma alternativa, exigir o cumprimento da obrigação da escola na forma integral, aceitar outro produto ou serviço equivalente ao que foi anunciado, ou rescindir o contrato com direito à restituição de tudo que foi gasto”, finaliza.

O Termômetro da Política entrou em contato com a escola Hebreus, mas a mesma se recusou a responder as perguntas por telefone.

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