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Lideranças do PT de João Pessoa se manifestam sobre posicionamento de Cartaxo no segundo turno
Laura de Andrade
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Depois da derrota no primeiro turno da eleição em João Pessoa, o deputado estadual Luciano Cartaxo (PT) divulgou, na manhã desta quinta-feira (10), que ficará neutro no segundo turno da disputa para a prefeitura da capital. Em seguida, lideranças do PT de João Pessoa se manifestaram sobre posicionamento de Luciano, que é contrário à resolução da Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores. Na última terça-feira (8), a legenda determinou engajamento a todos os filiados nas campanhas onde tivesse enfrentamento contra a extrema-direita.

Lideranças do PT repudiam posicionamento de Cartaxo (Foto: Delcídio Amaral/Flickr)

O presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) da Paraíba, Jackson Macêdo, fez questão de dizer que não quer comentar sobre o posicionamento de Cartaxo. Para ele, é necessário considerar que o partido tomou uma decisão contra o fascismo. “O mais importante para mim é que a instância tomou uma decisão. E a decisão é muito clara. É contra o fascismo, a favor da candidatura de Cícero porque ela combate o que existe de pior na política representada aqui pela candidatura de Marcelo Queiroga”, afirmou o presidente.

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Jackson também falou sobre a postura de neutralidade entre pessoas de esquerda. “Qualquer neutralidade, de qualquer pessoa da esquerda sobre esse cenário, é uma neutralidade que ajuda o fascismo em João Pessoa. É uma neutralidade que passa a ter lado. E é o lado do fascismo. É o lado da direita conservadora, é o lado de Bolsonaro. Eu não vou comentar posição individual de ninguém. O mais importante é que o PT tem uma posição muito clara nesse cenário. E isso pra gente é o que mais importa. Agora é juntar forças, eleger Cícero agora e construir uma grande frente de 2026 para Lula”, finalizou.

Em rede social digital, o secretário de Juventude do PT da Paraíba, Pedro Matias (PT), lembrou que Cartaxo teria firmado acordo com Queiroga e Ruy Carneiro (Podemos). “A posição de neutralidade de Luciano Cartaxo no segundo turno de João Pessoa só demonstra o que vínhamos aprontando há tempos: não respeita as instâncias do PT e firmou um acordo com Queiroga e Ruy Carneiro já no primeiro turno”, escreveu.

Para Charliton Machado, da tendência Democracia Socialista (DS), a decisão de Luciano envergonha o PT. “Foi um posicionamento lamentável, para não dizer coisa pior, considerando que se trata de um ex-candidato, alguém que disputou em nome do partido, que se valeu de uma decisão Nacional impositiva para ser o candidato, e agora desconsidera a própria decisão da Direção Nacional […] É uma posição vexatória para o PT. Transforma o nome de Luciano menor do que ele entrou na disputa em 2024. Envergonha, inclusive, todo o conjunto partidário”, disse Machado.

Na reunião do PT de João Pessoa, que aconteceu na quarta-feira (9), a deputada Cida Ramos (PT) alfinetou a posição de Cartaxo e reafirmou sua postura contra o bolsonarismo. “Não cabe nota de quem é parlamentar do partido, de quem concorreu em eleição, se colocar em uma posição que não diz o que é lado a ou lado b. Esse debate sobre o bolsonarismo, as consequências dele e o que é ter um candidato negacionista, com um deputado federal que diariamente vai no Congresso confrontar o Partido dos Trabalhadores e o nosso governo, esse debate era pra ter sido feito no primeiro turno com força, coragem e posição política”, afirmou Cida.

O presidente do PT de João Pessoa, Marcus Túlio, afirmou que o posicionamento de Cartaxo foi algo muito sério, um grave equívoco. “[Queiroga] não é só um bolsonarista qualquer, é o ex-ministro da pandemia. O ex-ministro das centenas de milhares de mortes. O ex-ministro do negacionismo, do governo que não acredita no ensino público de qualidade, que prefere distribuir armas a livros, um governo que protege miliciano, que queria exterminar a população negra, a população periférica, a população LGBT, que fecha os olhos para a violência contra as mulheres. É algo muito sério. Se omitir em uma disputa como a de João Pessoa, em que de um lado existe um candidato representante do que há de pior na política, é um grave equívoco”, disse Túlio.

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