Em um anúncio surpreendente, o presidente Donald Trump revelou planos para reconstruir e reabrir a lendária prisão de Alcatraz, na Baía de São Francisco, fechada desde 1963. A decisão, comunicada no domingo (4) por meio de um post na rede social Truth Social e divulgada também hoje (5) no X, visa transformar a ilha, atualmente um ponto turístico gerido pelo Serviço de Parques Nacionais, em uma penitenciária para “os criminosos mais cruéis e violentos da América”.
No post, Trump declarou: “Por muito tempo, a América tem sido atormentada por criminosos violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuem com nada além de miséria e sofrimento. […] Estou instruindo o Bureau of Prisons, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir um ALCATRAZ substancialmente ampliado e reconstruído, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos da América”. O presidente afirmou que a reabertura de Alcatraz será um “símbolo de Lei, Ordem e Justiça”.
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A proposta, que inclui a ampliação significativa das instalações, gerou reações intensas. Críticos, como o senador estadual da Califórnia Scott Wiener, classificaram o plano como “absurdo” e “aterrorizante”, sugerindo que Trump deseja transformar Alcatraz em um “gulag doméstico”. A ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, que representa a região, também criticou a ideia, destacando que Alcatraz é hoje um parque nacional visitado por mais de um milhão de turistas anualmente.
Especialistas apontam desafios logísticos e financeiros. A prisão foi fechada em 1963 devido aos altos custos operacionais – em 1959, o custo por preso era de US$ 10,10 por dia, contra US$ 3,00 em outras penitenciárias federais – e à deterioração da infraestrutura. Estimativas atuais sugerem que reabrir e modernizar Alcatraz poderia custar entre US$ 235 milhões e US$ 370 milhões, com custos operacionais anuais de até US$ 100 milhões para 300 detentos. Além disso, a ilha enfrenta questões ambientais, como a necessidade de reparos sísmicos, com um projeto de US$ 63,6 milhões já em andamento até 2027.
Trump justificou a ideia como uma resposta à frustração com “juízes radicalizados” que, segundo ele, exigem processos judiciais para deportações, dificultando sua agenda de segurança pública. Ele sugeriu que a reabertura de Alcatraz também pode estar ligada à sua política de deportação de imigrantes, incluindo o envio de supostos membros de gangues a prisões de alta segurança.
O Bureau of Prisons confirmou que está avaliando a viabilidade do projeto. O diretor William K. Marshall III afirmou que a agência “perseguirá vigorosamente todas as vias” para implementar a agenda de Trump. No entanto, a Casa Branca e outros órgãos envolvidos não divulgaram detalhes sobre financiamento ou cronograma.
Enquanto apoiadores de Trump veem a medida como um passo para restaurar a “seriedade” na luta contra o crime, críticos alertam que a proposta pode ser uma distração de cortes orçamentários, como a redução de quase US$ 1 bilhão em programas de prevenção à violência. A reabertura de Alcatraz, caso concretizada, promete reacender debates sobre justiça criminal, direitos humanos e o futuro de um dos marcos históricos mais emblemáticos dos Estados Unidos.