As ações da Marfrig (MFRG3) tiveram alta expressiva de mais de 17% nesta sexta-feira, impulsionadas pelo anúncio da incorporação total das ações da BRF (BRFS3) que ainda não pertenciam à companhia. A operação criará a MBRF, uma nova potência global no setor de carnes e alimentos processados, com receita combinada de R$152 bilhões – conglomerado que reunirá marcas como Sadia, Perdigão, Montana e Bassi.
A fusão estabelece uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig por cada ação da BRF, considerando uma distribuição máxima de proventos no valor de R$ 2,5 bilhões pela Marfrig e R$ 3,5 bilhões pela BRF, conforme comunicado conjunto divulgado na noite anterior. Atualmente, a Marfrig já detém 50,49% do capital da BRF – participação iniciada em maio de 2021, quando a empresa se declarou inicialmente como investidor passivo.
As empresas projetam sinergias anuais de R$ 805 milhões, com expectativa de capturar entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões já nos primeiros 12 meses, e o restante no médio e longo prazos. Analistas do Goldman Sachs calcularam, com base nos preços atuais e na relação de troca anunciada, que a operação valora as ações da Marfrig em R$ 23,50 e as da BRF em R$ 19,70.
Por volta das 10h30, os papéis da Marfrig registravam valorização de 16,6%, cotados a R$ 24,09, após atingirem R$ 24,24 – maior patamar intradia da história. Em contrapartida, as ações da BRF recuavam 4,22%, para R$ 19,75, depois de tocarem R$ 19,24 no menor nível do dia. O desempenho ocorreu em uma sessão de queda do Ibovespa, que recuava 0,87% no mesmo horário.
O anúncio da fusão coincidiu com a divulgação dos resultados trimestrais: a BRF reportou lucro líquido de R$1,2 bilhão no primeiro trimestre (dobro do mesmo período de 2024), enquanto a Marfrig registrou lucro atribuído aos controladores de R$88 milhões (alta de 40,3% em 12 meses).
O mercado ainda reagia à confirmação do primeiro caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil – fato que pode impactar as exportações do país, maior exportador global de carne de frango. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, alertou que a China suspenderá automaticamente as compras do produto brasileiro após a detecção do vírus no Rio Grande do Sul.
Com informações de IstoÉ Dinheiro.