Justiça -
Judicialização da Abrasel contra artistas para derrubar a Lei do Couvert divide donos de restaurantes
Termômetro da Política
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Uma legislação para defender os interesses dos artistas que se apresentam na Paraíba está agora nas mãos da Justiça. A Lei Estadual nº 13.652/2025, conhecida como “Lei do Couvert Artístico”, de autoria da deputada Cida Ramos (PT), está sendo contestada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que tem se posicionado publicamente contra o direito dos artistas ao recebimento integral dos valores pagos pelos clientes pelas apresentações artísticas.

Thiago Storti (E) e Felipe Lustosa (C), da General Store e Manga Rosa, defendem o repasse integral aos artistas; Arthur Lira (D), do Estaleiro, é contra (Fotos: Reprodução/Instagram)

Apesar da postura da Abrasel abertamente contra os artistas, não se trata de uma opinião unânime. Há empresários que divergem do posicionamento e já se manifestaram em favor da Lei do Couvert e dos Artistas.

Thiago Storti, proprietário da General Store, localizada no Centro Histórico de João Pessoa, já fazia o repasse integral antes mesmo da nova lei. “Há dez anos nós trabalhamos com couvert artístico e direcionamos 100% aos artistas. Os artistas engrandecem nosso espaço, nos ajudam e sempre nos ajudaram a crescer. A nossa casa é promovida pelos artistas. Hoje, se eu abro a minha casa como um bar e uma cafeteria, ela terá um número x de pessoas frequentando. Se eu faço um evento com um artista, um cantor, uma banda, um DJ, a minha casa tem 3, 4, 5 vezes mais público. É certo que o couvert artístico é de direito 100% dos artistas”, disse.

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Outro favorável é Felipe Lustosa, um dos proprietários do Manga Rosa Art Bar, localizado no bairro do Bessa. “A gente apoia essa lei porque a gente entende que é essencial essa parceria do bar com os músicos, traz uma experiência muito mais interessante pra quem está aqui. A gente adota essa política desde o começo, organizamos esse repasse através do próprio sistema do bar. A gente separa o que é couvert e o que é receita e todo mês a gente paga o valor dos músicos. É uma forma da gente fortalecer essa parceria. Bar e restaurante sem música ao vivo perde a essência. Devemos sim valorizar o músico e que todos sejam engajados a repassar o couvert”.

Na contramão e mais alinhado ao pensamento da Abrasel está Arthur Lira, que já presidiu a entidade na Paraíba. O proprietário do restaurante Estaleiro admitiu em entrevista concedida nessa semana que é a favor da exploração dos músicos. “Nós somos a favor da exploração. Você me faz uma proposta de tocar por R$ 500 e eu faturo R$ 50 mil, se eu faturei 50 mil e paguei os 500, está errado isso?”, questionou.

Autora da Lei do Couvert Artístico, a deputada Cida Ramos afirma que irá defender os interesses dos artistas até o fim. “O couvert é dos artistas e a nossa Lei, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador João Azevêdo, vem para regulamentar uma relação que antes só favorecia o empresário. A Lei do Couvert Artístico existe para valorizar o artista e tornar a relação entre as partes mais justa, pois os estabelecimentos naturalmente faturam mais em virtude da apresentação artística”, argumentou a parlamentar.

Fonte: Assessoria de imprensa

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