Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
“Da minha terra à Terra”: um bate-papo com Sebastião Salgado em forma de livro
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(Imagem: Divulgação)

“A fotografia é uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem tradução”. A frase é do maior fotojornalista da atualidade, Sebastião Salgado, que finalmente apresenta um profundo relato de sua carreira. Em Da minha terra à Terra (Paralela, 2014, 160 p.) o fotógrafo conta histórias marcantes das suas viagens, fala sobre a perseguição política que sofreu durante a ditadura militar no Brasil e revela como as imagens o roubaram de sua carreira de economista.

Famoso mundialmente por suas fotografias, a conversa franca no livro apresenta ao leitor um novo fotógrafo. Conversa, sim, pois a obra se trata de uma grande entrevista concedida à jornalista Isabelle Francq. Salgado conta histórias inéditas por trás de alguns dos seus livros consagrados como Êxodos (Companhia das Letras, 2000), África (Companhia das Letras, 2007) e o mais recente Gênesis (Taschen, 2013). 

Em suas imagens o fotógrafo costuma denunciar crimes contra os direitos humanos. Já fotografou a corrida pelo ouro, em Serra Pelada, e o genocídio de Ruanda, que em 2014 completa 20 anos. Ele também clicou lugares inóspitos e tribos indígenas que continuam intocadas pelo ‘homem branco’. Mas é a pobreza o que mais chama a atenção de Salgado: “Em todos os lugares do planeta, os garotos que cheiram cola ou fumam crack se parecem; onde quer que estejam, os mais pobres acabam tendo a mesma aparência”.

Outro elemento pouco conhecido pelos fãs do profissional é a decisiva participação da esposa Lélia em sua carreira. Em todas as entrevistas ele costuma citá-la, mas no livro, Salgado vai mais fundo. Conta como ela foi importante ao seu lado em todos os momentos, desde seu início na fotografia – até com suporte financeiro -, do gerenciamento das suas exposições ao redor do mundo e também na criação do Instituto Terra, que presidem juntos. 

Na obra o leitor vai conhecer um Salgado ainda mais humano. Por trás das imagens que mostram a beleza em todos os cantos do mundo existe um marido, pai e avô. Em sua “tribo”, como ele mesmo fala, estão, além de Lélia, seus dois filhos, Juliano e Rodrigo, e seu neto Flavio. E Rodrigo com uma participação especial, que por ter deficiência, trouxe ensinamentos e uniu ainda mais a família. 

Salgado já venceu vários prêmios internacionais através de suas imagens e fez parte da maior agência de repórteres fotográficos do mundo, a francesa Magnum, por onde também passaram os mestres Henri Cartier-Bresson e Robert Capa. Hoje vive em Paris e cuida da sua própria agência fotográfica, a Amazonas Images, além das ações do Instituto Terra. 

Texto publicado originalmente na edição de 6 de maio de 2014 do jornal A União.

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