Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Você sabe o que é SAB?
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(Foto: Arquivo/Agência Brasil)

Se perguntar a um fã de futebol o que é SAF, garanto que a maioria já vai saber minimamente explicar. A onda que tomou conta dos clubes brasileiros e vem entregando um a um a investidores externos veio mesmo para ficar, para o bem e para o mal do futebol. Muitas SAFs trouxeram melhorias para os clubes, outras nem tanto, e algumas são chamadas pejorativamente pelos torcedores de ‘SAFadeza’. No fim das contas, o esporte fica em segundo plano, pois o que todas visam é mesmo o lucro.

A nova agora é chamada de SAB, mas não deve mexer tanto com a estrutura do futebol, isso porque não interfere nos times, no máximo vai chegar para ajudar. Trata-se de uma grande campanha publicitária promovida pela Ambev em torno da cerveja Brahma onde 10% da compra da bebida desta marca será destinado ao clube de coração do torcedor, caso esteja associado ao projeto de “sociedade anônima”, como vem sendo chamado.

Para além de uma publicidade gratuita neste espaço tão nobre, e por mais que pareça chato, precisamos problematizar. A ‘sacada’ da cervejaria junto ao futebol brasileiro é na verdade um grande incentivo ao consumo de álcool no Brasil. E qual o problema disso? Álcool é a droga que mais mata, causa doenças e destrói famílias, mas é socialmente aceita como se nem fosse droga.

Antes de ser enquadrado como conservador, quero deixar claro que sou a favor da liberação das drogas no Brasil. De todas as drogas. Acredito que com a legalização é possível impor regras de produção, fiscalizar pureza, e ainda lucrar com o consumo a partir dos impostos. Dizer que por ser proibido se consome menos é não enxergar um problema social escancarado. Em todo o país se consome todo tipo de droga. Legalizar também possibilita ampliar o debate em torno das drogas enquanto problema de saúde pública.

Debate esse vencido contra a indústria dos cigarros. Hoje em dia continua sendo fácil comprar, porém todo mundo que compra vai sabendo o mal causado pelo hábito. Mas o país que mais vende remédio para disfunção erétil no mundo não ousa dizer que álcool causa perda de potência sexual, afinal seria um desastre para os negócios. No caso do cigarro, já vi consumidor pedir pra trocar a embalagem que alertava para impotência por outra que falasse sobre câncer. Apesar de conviver com a droga, o brasileiro assimilou, graças à ampla publicidade, que cigarro faz brochar. Nesse debate, o álcool é o vilão vestido de mocinho graças à permissividade governamental.

Diante de todos os males do consumo que estão inseridos na sociedade, é preciso classificar, taxar e dar a devida dimensão como problema. Da mesma forma estão as bets, por toda parte, como se fosse apenas entretenimento, e não só no futebol. O Maior São João do Mundo, em Campina Grande, neste ano de 2025 foi tomado por bets. E alguém fala no mal que elas podem causar? Ruína financeira, depressão, ansiedade, ideação suicida, isolamento social e até alterações cerebrais. Sim, as bets são também a nova droga do brasileiro.

Quem quiser fumar, beber e jogar, que o faça, não é da conta de ninguém, cada um com seu próprio dinheiro. No entanto, alertar a população para o risco envolvido não só sobre um desses hábitos, mas sobre todos, é urgente.

Texto publicado originalmente na edição de 18.07.2025 do jornal A União.

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