Advogado Popular, Professor de Direito, Mestre em Ciências Jurídicas (UFPB). Ex-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos da Paraíba (CEDH/PB).
Advogado Popular, Professor de Direito, Mestre em Ciências Jurídicas (UFPB). Ex-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos da Paraíba (CEDH/PB).
Família tradicional
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(Imagem: Grok)

– Menina, tu visse o absurdo? Querem processar o padre só porque ele disse que umbanda é coisa do demônio!

– Vi, sim! Meu Deus, onde é que esse mundo vai parar? Agora nem falar mais de Jesus pode, é?

– Tudo por causa dessa tal de intolerância religiosa… intolerância é o que eles têm com a nossa fé, isso sim!

– Pois é! Esses ativistas querem que a gente aceite tudo: macumba, batuque, despacho… Daqui a pouco é feitiço no meio da missa!

– Ave Maria! Só falta botar um Exu pra ler a primeira leitura!

– E depois dizem que a gente é preconceituosa! Isso é opressão contra o cristão!

Na outra ponta da mesa:

– Ei, tu viu o vídeo da confusão? O padre tava só falando a verdade… Eu até senti uma unção ali.

– Unção? Eu senti foi tesão, quando ele falou com aquele olhar de julgamento… Arrepiou até meu sutiã de cetim.

– E eu que achei ele uma delícia segurando aquele microfone. Pena que só usa batina… ou não, né?

À cabeceira, o patriarca ergue a voz com solenidade:

– Família, antes de agradecermos a Deus pelo nosso almoço, vamos fazer uma oração pelo nosso querido padre: homem santo, viril, gost… digo, injustamente acusado por dizer as verdades que esse mundo pervertido não quer ouvir!

– Amém!

– Amém!…

E enquanto todos fechavam os olhos em prece, tia Cleide dava um play discreto no vídeo do sermão… e suspirava.
Não era fé.
Era fogo mesmo.

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