Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Sem Brasil não tem Copa
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Taça da Copa do Mundo FIFA 2026 em San Francisco, California (Foto: Eakin Howard/FIFA)

Amor sem beijinho/Buchecha sem Claudinho/Sou eu assim sem você

Impossível não ler cantando, assim como são impossíveis as combinações da letra da canção “Fico Assim sem Você”, composta por Abdullah e Cacá Moraes e imortalizada pela dupla Claudinho & Buchecha, se desconectadas umas das outras. Se fosse reescrita hoje, a letra certamente poderia conter Copa do Mundo sem Seleção Brasileira. Perdoem-me a licença poética, mas pensar numa Copa do Mundo de Futebol Fifa sem a participação do Brasil é tão grave quanto avião sem asa, fogueira sem brasa e futebol sem bola.

E quem pensou em tirar o Brasil da próxima Copa do Mundo? Eles, que se acham donos do mundo. Não todos, mas o presidente norte-americano Donald Trump e alguns de seus aliados mais próximos pensam assim e estão cogitando, como forma de pressionar o Brasil na escalada da crise política entre os dois países, dificultar a entrada de torcedores brasileiros no país, já que são uma das três sedes da próxima Copa, e até barrar a Seleção Brasileira.

Também é impossível trazer este assunto sem minimamente contextualizar. Após semanas prometendo atacar o Brasil com um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente Donald Trump recuou, na quarta-feira (30), e, apesar de manter o prometido ‘tarifaço’, inseriu uma lista de exceções com diversos produtos importantes na balança comercial. Não foram duas ou três, foram cerca 700 exceções, o que evidenciou o recuo de Trump. nas redes sociais digitais, voltou o meme TACO, sigla em inglês para Trump Always Chickens Out (em português, “Trump Sempre Amarela” ou “Trump Sempre Volta Atrás”), ridicularizando o mandatário americano. E a partir deste mote, eu digo que a ameaça de uma Copa do Mundo sem o Brasil não passa de mais uma bravata. 

Vale ressaltar que apesar do meme após a divulgação do que ficou sendo chamado de ‘tarifinho’, esta não é a primeira vez que Trump recua de algo prometido. Tanto que a expressão contém um “sempre” bem no meio. Ele já fez tanto esse tipo de movimento que há quem acuse-o de fazer premeditadamente. Outros, mais espertos, lucram com isso, comprando ações em queda na bolsa de valores logo após anúncios de tarifaços e vendendo os papéis em seguida, já valorizados, no que chamam de “Trump Trade”. 

Caso vá adiante com sua ameaça, em um primeiro momento é muito provável que o governo brasileiro faça o mesmo movimento utilizado nesta última afronta para a guerra comercial: ficar parado. Não fazendo nada a respeito, o Brasil mostrou-se maior e terminou com um acordo melhor do que muitos países que foram lá negociar. Da mesma forma deve ser com a Seleção Brasileira de futebol. Ora, se querem mesmo excluir a mais tradicional seleção, a única pentacampeã e única a participar de todas as copas, sem um motivo plausível, digo que esportivamente, quem perde é a Copa do Mundo. E neste quesito, sem movimentação do governo, seria um problema para a Fifa resolver.

Para além do critério esportivo, não ter a Seleção Brasileira no mundial sem que tenha sido por motivo de desclassificação, uma exclusão arbitrária, como se promete, seria muito ruim para os negócios. A Copa do Mundo Fifa é maravilhosa para a torcida, mas antes de tudo trata-se de um produto, com cotas de transmissão e publicidade ancoradas em cifras milionárias. Tirar a Seleção Brasileira e seus craques seria um desastre para o evento em todos os âmbitos, esportivo e financeiro. Trump não sustenta, podem anotar.

Texto publicado originalmente na edição de 1.8.2026 do jornal A União.

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