
“Nepo baby” é um termo bastante utilizado no universo das celebridades. Refere-se a alguém alçado ao sucesso devido a um ‘impulso’ assegurado por seu berço familiar. A origem do termo vem da expressão “nepotism baby“, quando a figura pública é filha ou neta de alguém importante no segmento onde está inserida de forma privilegiada. Pode até ser novidade no meio cultural, mas na política é coisa antiga. Em estados menos desenvolvidos, os nepo babies descendem do tempo das oligarquias. A Paraíba passa por um momento excepcional, em que governador e prefeito da capital não são nepo babies, mas basta alongar o olhar para vê-los em tudo quanto é cargo, no Executivo e no Legislativo.
Nesta terça-feira (23), com o filho do deputado federal Damião Feliciano (União-PB) empossado como ministro do Turismo, os paraibanos, que já tinham chefes do Executivo, secretários de Estado, deputados e senadores nepo babies, ganharam um ministro privilegiado de berço. Além da bênção do pai, Gustavo Feliciano teve aval também do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), o nepo baby mais poderoso do Brasil.
No meio artístico, os jovens nepo babies costumam assimilar bem a herança bendita. Incorporam à própria persona seu status de benefício conquistado pelo trabalho dos antecessores, normalmente mais competentes, mas nem sempre. Na política ainda é tabu admitir a herança de um pedaço do Estado, muitas vezes pela via do voto eletivo, num processo de cooptação política para transferência de poder. Quem escolhe é o povo, mas alguém escolhe antes quais opções o povo terá para escolher, filho ou filha de alguém, casado ou casada com outrem.
Gustavo Feliciano não é o primeiro nepo baby a ocupar um ministério neste Governo Lula. Antes dele chegaram Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Jader Filho (Cidades) e Renan Filho (Transportes).
Há quem diga – eles, obviamente – que a vida de um nepo baby não é só moleza, pois são cobrados por começarem suas trajetórias sempre à sombra do poder familiar. Mas se o cargo pesa, que façam dele uma ponte. Tendo chegado lá por motivo de mérito profissional ou benesse hereditária, é sempre possível utilizar as estruturas do Estado para fazer valer o que verdadeiramente importa: fazer o bem e melhorar a vida dos brasileiros.
Então, que Gustavo Feliciano mostre competência e faça um grande trabalho à frente do Ministério do Turismo. O sucesso dele será bom para o desenvolvimento do país, e por isso torcemos.