Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Um nepo baby para chamar de ministro
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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá posse ao novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá posse ao novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Nepo baby” é um termo bastante utilizado no universo das celebridades. Refere-se a alguém alçado ao sucesso devido a um ‘impulso’ assegurado por seu berço familiar. A origem do termo vem da expressão “nepotism baby“, quando a figura pública é filha ou neta de alguém importante no segmento onde está inserida de forma privilegiada. Pode até ser novidade no meio cultural, mas na política é coisa antiga. Em estados menos desenvolvidos, os nepo babies descendem do tempo das oligarquias. A Paraíba passa por um momento excepcional, em que governador e prefeito da capital não são nepo babies, mas basta alongar o olhar para vê-los em tudo quanto é cargo, no Executivo e no Legislativo.

Nesta terça-feira (23), com o filho do deputado federal Damião Feliciano (União-PB) empossado como ministro do Turismo, os paraibanos, que já tinham chefes do Executivo, secretários de Estado, deputados e senadores nepo babies, ganharam um ministro privilegiado de berço. Além da bênção do pai, Gustavo Feliciano teve aval também do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), o nepo baby mais poderoso do Brasil.

No meio artístico, os jovens nepo babies costumam assimilar bem a herança bendita. Incorporam à própria persona seu status de benefício conquistado pelo trabalho dos antecessores, normalmente mais competentes, mas nem sempre. Na política ainda é tabu admitir a herança de um pedaço do Estado, muitas vezes pela via do voto eletivo, num processo de cooptação política para transferência de poder. Quem escolhe é o povo, mas alguém escolhe antes quais opções o povo terá para escolher, filho ou filha de alguém, casado ou casada com outrem.

Gustavo Feliciano não é o primeiro nepo baby a ocupar um ministério neste Governo Lula. Antes dele chegaram Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Jader Filho (Cidades) e Renan Filho (Transportes).

Há quem diga – eles, obviamente – que a vida de um nepo baby não é só moleza, pois são cobrados por começarem suas trajetórias sempre à sombra do poder familiar. Mas se o cargo pesa, que façam dele uma ponte. Tendo chegado lá por motivo de mérito profissional ou benesse hereditária, é sempre possível utilizar as estruturas do Estado para fazer valer o que verdadeiramente importa: fazer o bem e melhorar a vida dos brasileiros.

Então, que Gustavo Feliciano mostre competência e faça um grande trabalho à frente do Ministério do Turismo. O sucesso dele será bom para o desenvolvimento do país, e por isso torcemos.

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