Anderson Pires é formado em Comunicação Social – Jornalismo pela UFPB, publicitário e cozinheiro.
Anderson Pires é formado em Comunicação Social – Jornalismo pela UFPB, publicitário e cozinheiro.
DCE UFPB recebe a conta do “aluguel” de Valdiney
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(Reprodução Instagram DCE UFPB)

O DCE da UFPB foi cobrado pela Reitoria por uma conta referente ao que seria o aluguel e custos de ocupação no valor R$870mil. Com base no que seria pago por metro quadrado pelas empresas privadas instaladas no Campus Universitário chegaram a essa conta bastante generosa.

Certamente, os aluguéis cobrados são mais uma atitude de intimidação desses novos expoentes do mundo bizarro criado pelo Presidente Bolsonaro. Assim como em quase todos os órgãos públicos nesse país, temos no cargo de reitor da UFPB alguém com pouco apreço pela democracia e respeito as instituições. No caso da Universidade Federal da Paraíba, estamos falando do professor Valdiney Gouveia, que assumiu depois de muita polêmica, visto que foi o terceiro colocado na Consulta Universitária.

Quando o reitor da UFPB resolve tratar o DCE como mais um inquilino que ocupa imóveis no Campus mostra a sua miudeza política, a total falta de conhecimento dos documentos que regem a instituição e que é só mais um desses acidentes cognitivos, que conseguem chegar à função de professor universitário, mas não passaria em qualquer exame de dissonância.

No que diz respeito a falta de habilidade política e apreço pela democracia não precisamos tecer muitos comentários. Alguém que vira reitor pelos mecanismos que foram utilizados por Valdiney carrega um atestado de representante da negação científica que Bolsonaro escancara todo dia.

Mas as semelhanças do Reitor com o Presidente são ainda maiores. Ambos renegam as instituições e acreditam serem o próprio Estado. Dessa forma, promovem desmandos diversos. No caso da cobrança de aluguéis ao DCE da UFPB, a gestão atual mostra desconhecer a estrutura da Universidade e o próprio estatuto, que no artigo 87 estabelece que o DCE é a representação do corpo discente no âmbito da Universidade e os Diretórios e Centros Acadêmicos nos cursos.

Fica evidente que Valdiney é só mais um exemplo dessa aberração que hoje governa o Brasil. Tratar o DCE como um ente privado alheio a estrutura universitária, demonstra a forma grotesca que os bolsonaristas entendem o caráter público das instituições e os limites das funções que exercem.

A UFPB não é o condomínio do administrador imobiliário Valdiney. Não cabe a ele o papel de proprietário da instituição e dos seus espaços, que são utilizados pelos órgãos que fazem parte da estrutura, a exemplo do DCE. Mais que deixar evidente a sua deficiência intelectual para ocupar o cargo de reitor, a atitude é passível de questionamento jurídico.

Mas vale lembrar que atitudes antidemocráticas e de desrespeito a representação estudantil, não são exclusividade do Valdiney. Em outros momentos, esse tipo de intimidação e apropriação dos espaços do Campus para atentar contra o DCE aconteceram. Lembro que no final da década de noventa, época em que fui presidente do DCE UFPB (a UFCG ainda não existia), tivemos situações de enfretamento com a reitoria e até o prefeito de Campina Grande, Cássio Cunha Lima, por desconsiderarem a legitimidade e a legalidade dos espaços ocupados pelo DCE.

No Campus de João Pessoa, a reitoria autorizou o Banco do Brasil a ampliar sua agência até o limite do prédio do DCE no Centro de Vivência, o que lacraria as janelas da instituição. Mais um pouco e o prédio do Diretório virava um anexo do banco. A mobilização estudantil foi o caminho. Deixamos claro que inviabilizaríamos a obra com a demolição, caso o banco prosseguisse. Acho que entenderam que não estávamos brincando.

Em Campina Grande, na época Campus II, a tentativa veio de uma ação conjunta da Pró-reitoria de Assuntos do Interior e a Prefeitura de Campina Grande para desapropriarem o prédio do Clube dos Estudantes Universitários-CEU. Novamente a mobilização fez valer os direitos de representação e seus respectivos espaços. Foram diversos atos na luta pelo CEU e frases irreverentes que marcaram o movimento, a exemplo de: “Menino traquina, menino cruel privatizou a CELB e agora quer privatizar o CEU” e “Assim não dá, até no CEU os Cunha Lima querem mandar”.

O Reitor Valdiney talvez precise entender que ainda existe Movimento Estudantil capaz de contrapor suas práticas ditatoriais. Não é por acaso que ele usa de forma distorcida uma lei da década de setenta, período marcado pela Ditadura Militar, como justificativa para sua ação de cobrança. Da mesma forma que Bolsonaro, resolve interpretar a lei que como lhe cabe e desconsidera toda legislação atual, o estatuto da UFPB e decisões do CONSUNI.

Ao DCE da UFPB vai o conselho de um antigo militante. Com Valdineys e Bolsonaros não existe negociação. São agentes da legião que nega a ciência e a democracia. Falta discernimento para entenderem que as instituições públicas não são instrumentos para realizarem seus desejos autoritários. A mobilização é o caminho para se resgatar direitos e manter espaços democráticos que o reitor tenta exterminar. Fica nosso apoio contra a ação de intimidação do Valdiney e, como dizia a primeira chapa do Coletivo Graúna que venceu as eleições para o DCE-UFPB: “apenas começamos”.

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