O ex-governador Ricardo Coutinho responde a diversos processos decorrentes da Calvário, operação conduzida pelo Ministério Público da Paraíba que investiga supostos desvios de recursos públicos. Diversos processos, pois, a operação, que em seu modus operandi em muitos aspectos se assemelha à cartilha ditada pela Operação Lava Jato, costuma fatiar uma mesma história em vários capítulos.
No meio acadêmico, essa rotina de fatiar uma história em muitas é chamada de salami science. A prática das fatias de salame na ciência consiste em fatiar uma descoberta em várias e, assim, divulgar pouco a pouco, para causar a sensação de que foram muitas descobertas, passar a impressão de produtividade maior e ainda conseguir mais espaço na imprensa.
Não quero dizer que o Ministério Público faça a divisão da operação com essa intenção, mas é fato que a imprensa paraibana costuma espetacularizar as diversas fases da Calvário. Interessante nesse tempo todo é observar que muito se falou na mídia sobre as acusações, pouco sobre as provas e nada a respeito da defesa. Alguém viu alguma peça de defesa do ex-governador, ou que fosse dado à defesa os mesmos tempo e espaço dados a quem o acusava?
Longe de querer dizer que Ricardo é inocente ou culpado. Não me cabe como integrante da imprensa julgar, muito menos ao Ministério Público. Quem julga é a Justiça. Apenas.
Nesta peça, protocolada para apreciação do desembargador Ricardo Vital, referente ao processo n. 0000218-39.2020.815.0000, a defesa do ex-governador apresenta argumentos para, dentre outros pontos, que o processo seja julgado por uma única instância, no caso o Superior Tribunal de Justiça, já que nele aparecem partes que detêm foro privilegiado. São muitos pontos interessantes. O texto é longo, mas vale a pena conhecer o outro lado da história. Confira a seguir.