Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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É a pandemia, estúpido!
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Atuação do presidente Jair Bolsonaro tem sido determinante para os atuais números da pandemia de covid-19 no Brasil (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou a gravidade da pandemia de covid-19 desde o primeiro caso registrado no Brasil. Após mais de um ano, o país acumula 257.562 mortes e 10.647.845 infectados pela doença. Enquanto isso, a economia também afunda, com o maior tombo no PIB desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. O governo Bolsonaro não salvou vidas, tampouco empregos, e segue perdido em bravatas. Apesar de estar de olho nas eleições de 2022, não percebe que a prioridade para qualquer político no Brasil deveria ser enfrentar a pandemia.

Falo do presidente Jair Bolsonaro como exemplo, pois ocupa o mais alto cargo no Poder Executivo da nação. Infelizmente não é o único político no Brasil com essa dificuldade de percepção.

Há quem diga que o presidente comanda um genocídio coletivo. Sobre os motivos, seus opositores elencam adjetivos que giram em torno do papel de vilão atribuído a Bolsonaro. Eu digo que não se trata de vilania, mas burrice. Sim, Bolsonaro é burro. Muito mais que mau gestor, é muito burro.

Ele realmente não entendeu que o enfrentamento à pandemia deveria ser prioridade, pois somente quando a população estiver vacinada, todos os setores da economia poderão reagir. Também não entendeu que relegar o combate à disseminação da covid-19 o conduz a um processo autofágico. Bolsonaro mata os brasileiros e reduz sua própria força política sempre que põe de lado a pandemia.

Os países que estão retomando suas atividades e reagindo economicamente são exatamente aqueles onde seus governantes deram mais atenção ao processo de vacinação. Estamos patinando nas discussões sobre a necessária volta do auxílio emergencial, reabertura das escolas, fechamento do comércio, tudo porque os gestores foram relapsos no início das negociações para compra das vacinas. Fomos para o fim da fila para ter acesso aos imunizantes e estamos no fim da fila dos países que sairão da pandemia.

Em escalas menores, tem gestor por todo lado fechando os olhos para os riscos da covid-19. De prefeito negacionista que distribuiu kit-covid a presidente de câmara municipal que opta por sessão presencial em vez de trabalhos remotos, há muitos partícipes deste nosso suicídio coletivo. Quem pode, se resguarda. Infelizmente nem toda a população consegue se proteger, e as ações dos gestores públicos têm influência direta na catástrofe que é a pandemia de covid-19 no Brasil.

Ontem, em seu perfil no Twitter, o professor e cientista Miguel Nicolelis lembrou um caso semelhante de cegueira política. Nos anos 90, nos Estados Unidos, diante da forte recessão econômica que minava a reeleição de Bush pai, o mote criado para alertá-lo do problema que ele parecia não enxergar foi “It is the economy, stupid!” – “É a economia, estúpido”, em tradução livre.

É difícil fazer entender o óbvio. Por mais que a economia do país esteja em derrocada, não há caminho para recuperação longe da vacinação em massa.

O mote sobre a estupidez de Bolsonaro e dos demais que colocam a pandemia em segundo plano também me lembra o comercial do chocolate Tortuguita, da década de 90.

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