Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
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Eterna Guerra Fria
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Presidente da Rússia, Vladimir Putin (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Nos últimos dias alguns têm me procurado para tentar compreender a tensão entre Rússia e Ucrânia, além das reações de outros países da Europa e dos EUA. Para entender um pouco tal processo precisamos voltar um pouco para o cenário da Guerra Fria (que parece eterna!) e perceber a composição do que era a chamada União Soviética.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas compunha um grupo de países, um bloco, não eram um só país, mas tinham predomínio da Rússia como país mais importante e poderoso do bloco. Toda a região em questão, como Ucrânia e Criméia, fizeram parte da Ex-URSS e se separaram após a desagregação do mundo soviético. Mas nem tudo da Guerra Fria acabou com o fim dela. A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que é uma aliança militar que prega a autodefesa de seus membros signatários, ainda existe, e a Ucrânia teria pretensões de participar dela. Dentro da Ucrânia não há um consenso entre alinhar o país ao Ocidente ou manter a aproximação com os russos, daí a bipolarização interna e movimentos separatistas ocorrendo. Na Ucrânia há laços sociais e culturais com a Rússia e o russo é amplamente falado por ucranianos.

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O governo russo apoia os movimentos separatistas, mas por qual razão? Simples: o atual governo ucraniano é pró-ocidente e ensaia, inclusive, uma adesão à União Europeia. Trata-se neste caso uma queda de braço para saber quem tem maior influência na região. A Rússia possui um potencial bélico muito superior ao da Ucrânia e os países ocidentais não demonstram interesse em enviar tropas militares para a região e comprar uma briga alheia, por isso falam em sanções. As sanções seriam, portanto, econômicas, iniciando restrições às instituições financeiras russas e setores-chave da sua economia. A Rússia, entretanto, possui seus trunfos na manga: gasodutos. O gasoduto Nord Stream 2 já está pronto para servir à Europa, principalmente à Alemanha. Os russos poderiam responder às sanções parando de servir gás natural à Europa, piorando ainda mais a crise energética existente.

O caminho que deve ser adotado é da negociação, da diplomacia. Putin não deseja o ingresso da Ucrânia na União Europeia, muito menos sua adesão à OTAN. A população ucraniana está rachada entre pró-Rússia e pró-Ocidente. O Ocidente acusa Putin de desrespeitar tratados anteriores ao reconhecer regiões separatistas e sabe que a Rússia pode contribuir para uma crise econômica que atingiria a Europa e os EUA, além de um possível revival com a China, grande concorrente do mundo ocidental.

“Putin joga xadrez. Biden joga War. Macron joga paciência. Bolsonaro joga peteca.”

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