Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Milhares de mortes na conta de Bolsonaro
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O Brasil está prestes a alcançar a marca dos cem mil mortos pela covid-19. Deste montante, é difícil dizer precisamente quantas foram causadas como consequência de erros na condução do enfrentamento à pandemia por parte do governo federal. Logo de início, o presidente da República, Jair Bolsonaro, desdenhou. Classificou como “gripezinha”. Não adotou nenhuma ação efetiva para o controle da doença. Ao contrário, questionou medidas sanitárias, deu mau exemplo, quebrou protocolos de segurança, chafurdou o Ministério da Saúde e aproveitou a crise para acirrar disputas e fazer política. Agora conduz o maior genocídio da história do país.

Quarentena sem fim, crise econômica e os mortos pela pandemia são culpa da gestão do presidente Jair Bolsonaro (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)

Não temos vacina. Não existe plano algum para enfrentar a disseminação do vírus. Não há nem mesmo ministro da Saúde.

Em março, quando Itália e Espanha agonizavam com mil mortes por dia causadas pelo novo coronavírus, pairava sobre o Brasil o terror de como o vírus poderia ser devastador por aqui. Não faltaram alertas. A experiência das outras nações poderia ter sido utilizada, evitando os erros e aplicando os modelos de quem mais acertou. Até a Suécia, que começou mal a condução da crise, conseguiu reverter o problema e está em condição melhor que o Brasil.

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Ultrapassamos todos os países da Europa em número de vítimas fatais, normalizamos as mil mortes por dia e passamos a conviver com um mal difícil de se enfrentar: um chefe de estado leviano, negacionista da ciência no pior momento possível da história do país e diretamente responsável pela maior parte das mortes pela covid-19.

O presidente Jair Bolsonaro protagonizou diversas ações contrárias às recomendações sanitárias dos maiores especialistas de todo o mundo. Fez pouco caso da Organização Mundial da Saúde (OMS), desrespeitou decretos locais de distanciamento social e uso de máscara, e ainda forçou a adoção de um protocolo de tratamento a ser recomendado sem qualquer comprovação científica de eficácia. Questionado sobre os mortos pela doença, rebateu com o inesquecível “E daí?”.

É difícil para o brasileiro que deixa de lado as recomendações de um presidente cretino e faz o possível para manter o isolamento social quando este isolamento forçado e necessário passa muito dos 100 dias. A própria palavra “quarentena” perdeu o sentido. Se estamos presos, total ou parcialmente, a culpa é do Bolsonaro, que não fez o que devia no tempo certo e empurrou o país ladeira abaixo em uma crise sem fim.

Crise econômica também é culpa do presidente

Se a economia foi prejudicada, a culpa também é do Bolsonaro. Nos países onde houve fechamento mais rígido, a reabertura do comércio e dos serviços veio acompanhada de uma retomada econômica, mesmo que discreta, porém muito superior ao que tem acontecido no Brasil. É difícil convencer o cidadão a comprar, mesmo com lojas e shoppings abertos, enquanto o país enfrenta, cotidianamente, mil mortes por dia e quase 50 mil novos casos da doença.

Enquanto o problema se agrava e arruína mais de mil famílias brasileiras todos os dias, Bolsonaro se esconde. Foi acometido pela doença na mesma época da prisão de Fabrício Queiroz e aproveitou para fugir daquela que é uma das suas piores crises políticas. Com o filho Flávio respondendo pela suspeita do laranjal, restou ao pai fazer propaganda da cloroquina, remédio que comprovadamente não serve para tratar covid-19, mas ele insistiu em mandar o Exército fabricar e agora temos o maior estoque do medicamento do mundo.

Escondido, Bolsonaro cresce. Se afasta das polêmicas e fatura politicamente com o que nem é dele, como o Auxílio Emergencial, imposto pelo Congresso, mas que o presidente faz questão de pegar carona.

Há um lado do país que percebe o mal que Bolsonaro faz, e outro que ainda mantém a base de sustentação do presidente. Em comum, as duas alas, unidas, formam um só Brasil que sofre a agrura de ter um incapaz no comando. Depois de cem mil mortos, jamais haverá o que chamam por aí de “novo normal”

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