Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Neymar é vítima de racismo: público se divide
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Neymar é vítima de racismo e, novamente, público se divide entre opiniões contra e a favor ao atacante
Neymar é vítima de racismo e, novamente, público se divide entre opiniões contra e a favor ao atacante (Foto: Divulgação/PSG)

Onde quer que esteja, Neymar atrai atenção em torno de si. Em qualquer veículo da imprensa esportiva o brasileiro é pauta, faça o que for. Para os sites, o nome Neymar é certeza de acessos e muitos, muitos cliques. Tudo o que ele faz vira notícia, gera repercussão. Também por isso já sofreu muito com a alcunha de “Neymídia”, criada por seus críticos para dizer que o craque brasileiro tem muita mídia e pouco futebol.

É verdade que Neymar vez por outra recebe aquele empurrãozinho da imprensa, principalmente quando os jornalistas o comparam a Pelé. Apesar dos números do craque mais jovem, os dois brasileiros estão em patamares bem distantes. E se colocar na balança a relevância de cada um com a camisa da Seleção Brasileira, não vai restar para Neymar nem o cheiro.

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No entanto, também é injusto dizer que o menino – ou será adulto? – Ney tem pouco futebol. Neymar está entre os dez melhores jogadores do mundo na atualidade, sem que haja qualquer dúvida. Pode não ser o melhor incontestável, pode-se até querer empurrá-lo para fora de um top 3, mas entre os dez, seja lá de onde for o ranking, Neymar estará.

Ele é completo. Chuta com a perna direita, com a esquerda, dribla, dá passe, bate falta, pênalti, cruzamento, enfia, cabeceia. Também tem sido decisivo por seu time, o francês Paris Saint-Germain.

Dentro de campo, é difícil criticar Neymar quando ele quer jogar. Fora das quatro linhas, há muito o que se confrontar.

Neymar tem diversos problemas que se não atrapalham sua carreira esportiva, certamente impedem que ele consolide sua imagem de ídolo incontestável no futebol. São de ordem tributária, social. O cúmulo foi socar o rosto de um torcedor por conta de uma provocação que envolvia apenas o resultado da partida. Imperdoável.

Há quem goste de Neymar, há quem não goste, e acima de todos os argumentos sobre a carreira do atleta Neymar há ponderações a fazer a respeito das suas atitudes extracampo, que dividem a opinião pública em torno do craque.

O que não dá é para se dividir entre a favor ou contra o brasileiro quando Neymar é vítima de racismo.

Aconteceu dentro de campo, na última partida do PSG contra o Olympique, em partida válida pela Ligue 1. O brasileiro denunciou racismo por parte do zagueiro Álvaro González, do time de Marselha. Não é a primeira vez que o próprio Neymar sofre racismo em campo. Também não é a primeira vez que um jogador brasileiro sofreu racismo durante a disputa de uma competição fora do Brasil. E se nada justifica o crime, que deve ser duramente punido, não tem como justificar que se faça pouco sobre o caso.

Martin Luther King já alertava para o perigo que mora no “silêncio dos bons”. A FIFA tem responsabilidade sobre a continuidade dos casos de racismo no futebol. É preciso que a punição seja tão dura a ponto de o racista colocar em risco toda a sua carreira. É preciso também que a pena extrapole os limites do gramado e que cada racista pague por seus atos na esfera criminal. É preciso, sobretudo, entendermos que as questões humanitárias e políticas devem ser discutidas sim no âmbito esportivo, caso contrário, o esporte se resumirá a um produto sem qualquer sentido.

Adaptado de texto publicado no jornal A União em 17.09.2020

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