Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
Fernando Guedes Jr é turismólogo e historiador; mestre em História pela UFRN. Trabalha com magistério nas redes pública e privada da cidade de João Pessoa. Instagram: @afernandojunior
O fatídico 26 de Julho e a capital da Paraíba
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João Pessoa morreu em 26 de julho de 1930 (Foto: Reprodução)

Todos os anos, aos nos aproximarmos do aniversário de morte de João Pessoa, debates sobre o personagem e o que ele representou ganham palco. João Pessoa foi assassinado no Recife em 26 de julho de 1930 e sua morte teve repercussão nacional. Na capital da Paraíba os movimentos foram fortes a ponto de render-lhe homenagem mudando a toponímia da capital de Parahyba para João Pessoa. Tudo isto é fato, o que se discute, ano a ano, é a legitimidade dos acontecimentos.

Precisamos refletir como a Memória e a historiografia podem ser construídas como um espaço de disputa para a História. E, mais do que isto, discutir o problema historiográfico da formação de determinadas representações históricas. Há uma tentativa de criar uma narrativa que desconstrua todo um discurso já consolidado, o que nos faz refletir sobre o papel da História na sociedade, suas apropriações e suas funções. Faz um certo tempo que há um conjunto de ações de um grupo de pessoas mobilizadas por um mesmo fim: colocar em xeque a consolidação de uma memória e, finalmente, trocar o João Pessoa por Parahyba.

As disputas pela Memória e pela História nunca foram cessadas. A sociedade busca, cotidianamente, eleger suas referências, mas as disputas muitas vezes estão pautadas em questões políticas e não históricas, ou seja, se trata de legitimar, ou não, a supremacia de grupos políticos que atuaram no cenário paraibano nos últimos cem anos. Questões como esta estão como pano de fundo imbricado neste debate.

Queiramos ou não, aceitemos ou não, a História que escrevemos está necessariamente determinada por um paradigma, por uma maneira de construir o mundo. E se assim é, melhor que tais paradigmas sejam claros e objetivos. A tarefa nobre da ciência da História seria de fornecer à sociedade orientações que promovessem o reconhecimento das diferenças entre as partes em conflito, ao invés de subtrair e silenciar.

Este texto, assim como este debate, não tem fim. Este texto, assim como este debate, ao invés de terminar com um ponto final, termina com reticências…

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