Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
O ministro é Bolsonaro
Compartilhe:
Pazuello foi coadjuvante na trágica gestão de Jair Bolsonaro durante a pandemia (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Não houve espaço para os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich no Ministério da Saúde de Jair Bolsonaro. Tampouco para Eduardo Pazuello, general do Exército escalado para conter a crise sanitária causada pela pandemia de covid-19. Ninguém se iluda, também não terá vez o novo escolhido para a pasta. O próprio Marcelo Queiroga deu o tom de como será sua gestão quando disse que vai executar a política definida pelo governo.

A diferença entre o pau mandado militar e este novo, civil, está apenas na área de atuação. Tanto é verdade que o paraibano, antes de sua primeira reunião de trabalho enquanto não assume o cargo de ministro, fez questão de elogiar o antecessor. O Brasil acumula 282.400 mortes e 11.609.601 contaminados pela doença, mas o futuro ministro tem a indecência de ressaltar os feitos de Pazuello, justo no dia em que o país atingiu um novo recorde, com 2.841 mortes pela doença em 24 horas.

Os embates entre o primeiro ministro da Saúde na pandemia e Jair Bolsonaro se davam principalmente pelas negativas do presidente da República no que dizia respeito às medidas de enfrentamento à covid-19 e às recomendações das principais autoridades sanitárias no mundo, como a Organização Mundial de Saúde. Bolsonaro desprezou a gravidade da crise e tentou trocar ciência por bravata política. A partir dali, pôs em suas costas a responsabilidade pelas milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas no Brasil.

Veja também
Da admiração a Bolsonaro e Enéas a lobby no Congresso: conheça o ministro Marcelo Queiroga

Nem Mandetta, nem Teich. Nenhum dos médicos quis arriscar a carreira para assinar, a pedido do presidente, protocolo que recomendasse tratamento precoce para covid-19 com base em medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada contra a doença.

Era preciso alguém que não tivesse nada a perder para pôr em risco, com a fé pública, as vidas de milhares de brasileiros. Assim entrou o obediente Pazuello, gestor que comandou o Ministério da Saúde na maior tragédia já vivida no Brasil.

Da mesma forma que os dois primeiros ministros não ficaram no cargo, a primeira cotada para assumir a pasta no lugar do general do Exército, Ludhmila Hajjar, não aceitou ficar. Nenhum profissional de saúde sério põe seu histórico em risco para se submeter a um governo negacionista. Surpreende o aceite do cardiologista paraibano Marcelo Queiroga para um cargo em que sabidamente irá atuar como um fantoche. No governo onde só há lugar para quem concorda com o chefe, o ministro sempre será Bolsonaro.

Compartilhe: