O que pensa o Termômetro da Política
O que pensa o Termômetro da Política
O turismo da Paraíba não decola
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Textos informativos sobre as obras no Aeroporto Castro Pinto são divulgados em espanhol (Foto: Termômetro da Política)

O Governo da Paraíba anunciou grandes investimentos para o setor do turismo no estado. Segundo divulgado, o Polo Turístico Cabo Branco finalmente sairá do papel. É uma promessa que atravessa mais de 30 anos e diversos governos. Certamente será muito importante para consolidar a atividade, que apesar do potencial natural, com diversas atrações do Litoral ao Sertão, sempre engatinhou e tem participação pífia no PIB estadual.

A expectativa é que grandes grupos invistam na área, com construção de hotéis e equipamentos que garantam atrações e infraestrutura capazes de alavancar o setor. É comum escutarmos que o turismo tem grande potencial de geração de empregos e riquezas, que a Paraíba é um destino extremamente atraente e o que falta é um complexo turístico.

Não é verdade que esse seja o único problema. A Paraíba realmente carece de hotéis que possibilitem atender mais turistas, principalmente os de maior segmentação econômica, mas as deficiências vão além. Podemos citar as de solução mais fácil, como capacitação profissional, mix de atrações e outros itens necessários para compor um ambiente propício. Mas tem um grande gargalo que precisa ser resolvido, sob risco de inviabilizar qualquer projeto, que é a existência de um aeroporto em condições de uso e voos que possibilitem acesso.

Não dá para imaginar que um turista com poder de consumo vai optar por vir à Paraíba com as péssimas opções de voos existentes e ainda ao chegar se deparar com um aeroporto que deve estar entre os piores no mundo. Parece exagero, mas é verdade. Se o Polo Turístico está com 30 anos de atraso, o Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto tem uma defasagem ainda maior.

No início dos anos 2000, o fluxo de passageiros era o menor entre todas as capitais do Nordeste, o que poderia justificar instalações tão precárias. Depois de mais de 20 anos, o movimento mais que dobrou. João Pessoa chegou a ter anos com mais passageiros até que Natal, mas as condições do aeroporto continuam deploráveis até hoje.

Nessa última semana, podemos constatar o show de horrores que é utilizar o Aeroporto Castro Pinto. Mesmo depois de quase cinco anos de privatização, absolutamente nada foi feito para melhorar efetivamente um equipamento imprescindível para o desenvolvimento do turismo. As áreas para check-in são pequenas, as pessoas ficam amontoadas. Da mesma forma o desembarque não tem espaço para recepcionar quem chega de forma aprazível.

Mas os problemas já começam antes, o estacionamento é precário, sem iluminação, e se estiver chovendo os passageiros terão que se deslocar sem qualquer proteção. Vale lembrar que o custo não é baixo para estacionar e ainda existe uma pegadinha aos menos atentos, que são preços divulgados apenas praticados para quem fizer uso do aplicativo e reserva antecipada.

No quesito acessibilidade o aeroporto é um show de ilegalidades. Não existe suporte para deficientes físicos e presenciamos uma pessoa cega que precisou descer as escadas do avião correndo todos os riscos devido à falta de pontes de embarque de passageiros, também conhecidas como fingers, que garantam o embarque e desembarque de forma digna.

A esteira para retirada das bagagens é a verdadeira visão do caos. Além de ser minúscula, as pessoas não conseguem ter acesso e precisam atropelar umas às outras para conseguirem pegar suas malas. Para completar, até a sinalização sobre as pretensas obras que estão em execução no aeroporto são escritas em espanhol, idioma da empresa responsável pela concessão do aeroporto.

Sem aeroporto não se pode falar em desenvolvimento do turismo na Paraíba. Porém, precisamos lembrar que mesmo com um aeroporto com toda infraestrutura necessária, ainda teremos uma grande lacuna que é a viabilização de voos. Muitas pessoas deduzirão: se tivermos demanda de passageiros teremos mais voos. Em parte isso é verdade. Contudo, a realocação de voos tem limites operacionais. Alguém perderá voo para João Pessoa, visto que a inexistência de aviões e companhias aéreas em número suficiente para atender o aumento no fluxo de passageiros é um problema mundial.

Naquilo que compete ao Governo da Paraíba, é urgente tomar medidas que garantam que a concessão do Aeroporto Castro Pinto atenda, pelo menos, à demanda já existente. Não é aceitável que depois de cinco anos de privatização o principal aeroporto do estado seja um verdadeiro atentado contra o turismo, além de acumular absurdos em relação à acessibilidade e respeito a quem utiliza o equipamento.

Falta de fingers para embarque e desembarque expõe passageiros a riscos (Foto: Termômetro da Política)
Cenário caótico é rotineiro na esteira para retirada de bagagens (Foto: Termômetro da Política)
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Palavras-chave
turismo