O que pensa o Termômetro da Política
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Precisamos falar de mortes para salvar vidas
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(Foto: Reprodução/Youtube/PMJP)

No dia em o Brasil atingiu o maior número de mortes desde o início da pandemia do coronavírus, a Prefeitura de João Pessoa lançou um vídeo publicitário que ressalta o perigo real de se perder vidas.

Antes a mensagem era: “vai passar, fiquem em casa”. Agora, não cabe mais tangenciar o verdadeiro problema, que é a possibilidade real de muitas pessoas morrerem e ter alguém que amamos entre os mortos.

Infelizmente, campanhas de conscientização não costumam ter os melhores resultados quando a abordagem é focada na ação positiva que pode ser feita para evitar o pior. A lógica ‘causa e consequência’ não consegue surtir o mesmo efeito perante o público. Porém, quando a abordagem vai direto na consequência e explicita o que está em jogo, os resultados são sempre melhores. Nesse caso, estamos tratando do maior valor de todos: a vida.

Algumas campanhas tiveram notoriedade pela forma como abordaram consequências catastróficas em decorrência de pequenos atos que poderiam ter sido feitos para evitar o pior. Entre as que merecem destaque, ressalto um vídeo veiculado na Nova Zelândia para conscientização no trânsito que faz uma análise perfeita de como a decisão de preservar vidas, principalmente de quem amamos, está em pequenas atitudes que devemos tomar no dia a dia. O vídeo está no YouTube e pode ser visto neste link.

No caso da covid-19, desde o início da pandemia a abordagem publicitária tem passado de forma tênue sobre o fato de que pessoas estão morrendo. Esse é o principal fato. É a partir dele que o problema de comunicação deve ser tratado. Dentro dessa questão, alguns outros aspectos podem ser abordados com a dureza necessária. Desde a forma negacionista como muitos se comportam, até posturas suicidas de quem promove festas, eventos e aglomerações onde é impossível manter o controle sanitário.

Ressaltar quantos se recuperaram da covid-19 é uma informação válida, mas em nada diminui a perda de uma vida. Mais importante que apresentar perspectivas de cura é encarar o problema. A pandemia está no seu pior momento, a roleta russa tem cada vez mais balas capazes de matar pessoas. Com a vida não cabe aposta. Não existe o que relativizar, covid mata e pronto. Qualquer outra mensagem para além disso é tratar o problema sem dimensão real.

A comunicação da Prefeitura de João Pessoa acertou em encarar o problema como ele é. A história de Marcelo, personagem do filme veiculado, pode ser a de qualquer um. Se existem discordâncias entre quais medidas devem ser tomadas para conter o vírus, que sejam esquecidas. Numa coisa todos concordam, a vida vale mais do que qualquer certeza que alguém acredite ter.

Assista ao vídeo:

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