Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Quis lacrar, tombou: vereador mostra despreparo em estreia na CMJP
Compartilhe:
Junio Leandro propõe voto de repúdio e concessão de título inexistente a participante do BBB21 (Foto: Olenildo Nascimento/CMJP)

O vereador Junio Leandro (PDT) conseguiu meter os pés pelas mãos logo no primeiro dia de trabalho como parlamentar na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). Ao tentar surfar na impopularidade da rapper Karol Conká, participante do reality show Big Brother Brasil, da Rede Globo, Junio usou a estrutura legislativa da Câmara para ampliar o cancelamento à artista. O vereador pessoense protocolou um requerimento (REQ 546/2021; na íntegra abaixo) pedindo que a Casa conceda Voto de Repúdio e título de persona non grata à cantora eliminada nessa terça-feira (23) do BBB21 com rejeição recorde.

A proposta do vereador Junio Leandro se baseia num marketing de oportunidade descabido e sustentado sobre a derrocada de uma personalidade pública. Destoa, também, da vontade popular. Em entrevista ao Termômetro da Política, a rapper paraibana Camila Rocha Mc observou que o parlamentar deveria se preocupar mais com políticas públicas voltadas para os artistas de João Pessoa.

Além de absolutamente oportunista, o vereador pessoense mostrou despreparo no trabalho legislativo. O título de persona non grata proposto por Junio Leandro sequer existe no Regimento Interno da Casa de Napoleão Laureano. De acordo com o Artigo 208 da Resolução n° 05/2003, os únicos títulos concedidos pela CMJP são de Cidadão Pessoense e Cidadão Benemérito. Em um texto extremamente mal escrito, cheio de erros, o vereador de tanto querer causar, inventou o que não existe.

Também chama atenção a desproporcionalidade na proposta. Longe de defender a xenofobia praticada por Conká contra a paraibana Juliette. Sim, houve xenofobia. No entanto, usar energia e recursos da máquina pública para amplificar um linchamento virtual que já existe, no afã de cancelar a artista e ganhar com isso visibilidade na mídia é lamentável.

A capital paraibana ou os pessoenses nem foram citados. Inventar um título de persona non grata para uma artista só mostra a desconexão do vereador diante de problemas tão mais urgentes. João Pessoa passa por uma crise sem precedentes em decorrência da covid-19 e um dos representantes do povo no Legislativo está pensando em cancelar a participante do BBB. Junio Leandro até quis lacrar, mas foi ele quem tombou.

Compartilhe: