O que pensa o Termômetro da Política
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Romero: o ‘boi de piranha’ de Cássio
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(Foto: Reprodução/Instagram/romerorodriguespb)

A família Cunha Lima está ligada à coisa pública quase que geneticamente. Por mais que tentem construir uma imagem de vocacionados, descolados e bem-intencionados, dizem que no inferno tem um bocado de gente da mesma cepa. Vamos nos ater ao histórico do clã, de Cássio Cunha Lima pra cá. Em seus quase 40 anos de vida pública, transformou-se em um contorcionista político capaz de dar nó em pingo d’água para manter espaços em cargos públicos que garantam bons empregos e contatos nos diversos níveis de poder.

Cássio resolveu reaparecer na cena política como uma fênix. Como de costume, deu mais um dos seus shows, agora ladeado pelo filho Pedro Cunha Lima, anunciando o apoio incondicional do seu partido, o PSDB, ao primo Romero Rodrigues para a disputa ao Governo do Estado em 2022. Cássio joga com o cenário que parece ser o mais interessante aos Cunha Lima e arma o terreno para, mais uma vez, usar do oportunismo eleitoral e priorizar a única coisa que lhe interessa: a família.

O ex-senador, ex-governador cassado, ex-prefeito e hoje consultor pegou Romero pela palavra e aplicou-lhe uma sinuca. Deixou claro que só não poderá concorrer a governador, visto que essa vaga já tem dono. Para todo o resto, Cássio disse que está para jogo. Em outras palavras, Romero será o boi que alimentará as piranhas, deixando para os Cunha Lima espaço para o discurso fluido e oportunista que sempre utilizaram durante toda a trajetória política do grupo.

Na cabeça de Cássio, existe espaço para uma candidatura ao Senado, visto que os possíveis concorrentes no campo do governador João Azevedo irão dividir votos e apoios, além de não terem um recall tão forte quanto o seu em campanhas majoritárias. O cenário que constrói jogando Romero na fogueira permite que ele tangencie as questões relativas à disputa presidencial. Também acredita que a fragmentação que existirá em decorrência de diversas candidaturas aumentará as suas chances de se eleger senador. Com isso, volta para o ambiente que lhe rendeu bons frutos.

Mas Cássio nunca deixou de sonhar em ter um Cunha Lima de volta ao Palácio da Redenção. Afinal, até hoje não digeriu a cassação e a pecha de ter sido reeleito mediante a prática de crime eleitoral. Por mais que Romero seja primo, nem de longe atende aos anseios da família. Dessa forma, o caminho está traçado: Romero Rodrigues será fritado, associado à candidatura de extrema-direita de Bolsonaro, enquanto Cássio e o filho Pedro seguem fazendo alianças conforme a conveniência. Onde for arminha, será arminha; onde for estrela, será estrela.

Uma coisa é certa: Cássio não vai derramar uma gota de suor pela candidatura de Romero. Diante do favoritismo de Lula para presidente e João Azevêdo para governador, vai ser o tucano mais camaleônico que a Paraíba já viu. Não estranhem se em um mesmo dia ele for visto de amarelo e, pouco depois, de vermelho. Cunha Lima raiz acredita que realmente integra a nobreza. O poder é parte do direito divino que acreditam serem merecedores. Resta esperar como os russos irão se comportar. Dependendo do tom, a soberba pode ser seguida por mais uma queda.

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