“mulherqcorrecomlobos”. paraibana, radicada por 22 anos em Salvador e outros tantos no Recife. mãe. yogin. mestre em artes visuais e jornalista de formação. atua de forma diversa e fronteiriça entre a comunicação, o audiovisual e as artes visuais: escreve, dirige e produz.
“mulherqcorrecomlobos”. paraibana, radicada por 22 anos em Salvador e outros tantos no Recife. mãe. yogin. mestre em artes visuais e jornalista de formação. atua de forma diversa e fronteiriça entre a comunicação, o audiovisual e as artes visuais: escreve, dirige e produz.
Ser-mulher e alguns tangenciamentos em Maid
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(Foto: Divulgação/Netflix)

Tive um certo receio de assistir esta série (Maid, Netflix, 2021) ao ler a sinopse. Pois, achei q seria mais uma reprodução caricata dos discursos prontos sobre sofrimento e sororidade feminina – ainda tão em construção! -, machismo estrutural e etc. E, isso, ainda forjando o pretenso universalismo da cultura americana.

Mas, eis que fui capturada tanto pela repercussão, quanto por uma das minhas pesquisas arte-vida sobre questões do “ser-mulher”, mulheridades, universo feminino, tangenciamentos e cia. Confesso também que me rendi pela jornada pessoal e gradativa que atravesso… de lutas por mais esclarecimentos, reconhecimentos e emancipações neste sistema capitalista-patriarcal. Algo que me faz ter interesse perene em histórias pautadas na vida real. Em especial, se jogam luz sobre os calabouços do patriarcado (vide Barba Azul) que ainda estamos aprendendo a, de fato, nomear, reconhecer e, a duras penas, transmutar!

Enfim, esse prelúdio para dizer que maratonei, me emocionei, chorei, me identifiquei e elaborei – “terapeutizei” me permitindo entrar mais no lugar de espectadora-mãe-mulher de um produto pop do que de realizadora audiovisual procurando as problemáticas do que assistia. Que, sim, há algumas, como em toda obra. E que bom, porque isso humaniza até processos de uma indústria sedimentada como esta dos EUA. Poderia citar a falta de redenção desta protagonista, a caricaturização de algumas personagens e suas questões…

Mas aí fiquei me perguntando e rememorando o quanto, ao nosso redor, estamos assoberbadas pelos nossos próprios clichês de sofrimentos sistêmicos-familiares, amorosos e/ou culturais que terminam, de fato, reverberando com nuances de universalidade em todas nós.

Pois, valeu a pena ver! Terminei e comecei o ano emaranhada não apenas nesta série, mas em tantos desencantos que ela provoca. E que, na real, estão sendo constantemente provocados em nós neste mundo onde, infelizmente, sinto pela experiência na pele, não só de cor de pele, e sem discurso bélico, que tudo é e sempre será favorável ao “ser-masculino”! Até pelo machismo e/ou competitividade estrutural ensinada também a nós mulheres… e “se nos sentimos inferiores, acuadas, fragilizadas, presas, impotentes, estamos sofrendo agressão emocional!”.

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