Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Sintur-JP pressiona governos e se nega a divulgar lucros ao longo dos anos em que elevou valor da tarifa acima da inflação
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Tarifa de ônibus foi reajustada acima da inflação medida pelo IPCA entre 2012 e 2019 (Foto: Reprodução/Google Street View)

O preço da passagem do transporte coletivo em João Pessoa é injusto. Uma tarifa abusiva, se considerar que o usuário trafega em ônibus muitas vezes lotados, por trajetos curtos, sem conforto algum, e em veículos que, apesar de serem novos a contar o tempo que saíram das montadoras, são ultrapassados. Quem diz que o valor da tarifa em João Pessoa é exorbitante não sou eu, mas os indicadores econômicos. Entre 2012 e 2019 o valor foi reajustado em patamares acima da inflação medida pelo IPCA. Se fosse para cobrar o preço justo, a passagem em João Pessoa deveria custar R$ 3,14, em vez dos atuais R$ 4,15. Na campanha para prefeito, ano passado, o tema foi motivo de debates e até compromisso por parte do então candidato e hoje prefeito Cícero Lucena (PP).

Na pandemia de covid-19, quase todos os setores da economia sofreram perdas. Não seria diferente com os transportes. Mas as empresas detentoras das concessões públicas resolveram jogar pesado contra o pessoense, que já paga uma conta alta para andar de ônibus. Se não colou a velha desculpa das planilhas de custos do setor para subir o valor da tarifa novamente acima da inflação, a nova ofensiva do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de João Pessoa (Sintur-JP) é pressionar os governos municipal e estadual por desonerações. No fim das contas, quem paga é o cidadão.

O Sintur-JP pede desonerações de ISS, ao município, e de ICMS, ao estado. Eles alegam diversas perdas de receitas em decorrência da pandemia, justificam que houve redução no número de passageiros. Pela conversa, até parece que o negócio tornou-se inviável. Por meio de sua assessoria de imprensa, o sindicato chega a ameaçar o passageiro com um “provável aumento de tarifa”.

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A mesma assessoria de imprensa negou ao Termômetro da Política a divulgação das planilhas com os lucros registrados ao longo do período em que as tarifas foram reajustadas acima da inflação. Não é segredo para ninguém que o empresário brasileiro passa por uma crise sem precedentes, mas o quanto os concessionários do transporte coletivo de passageiros lucraram sobre o serviço público é guardado a sete chaves. Se a operação anda tão ruim, deveriam largar o osso da renovação da concessão.

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