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Terence Stamp, ícone do cinema britânico, morre aos 87 anos, deixando legado em papéis marcantes
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O mundo do cinema perdeu um de seus grandes nomes nesse domingo (17), com a morte do ator britânico Terence Stamp, aos 87 anos, conforme anunciado por sua família. Conhecido por sua presença magnética e versatilidade, Stamp marcou gerações com papéis memoráveis, desde vilões icônicos até personagens sensíveis, em uma carreira que se estendeu por mais de seis décadas. “Ele deixa um extraordinário conjunto de trabalhos, tanto como ator quanto como escritor, que continuará a tocar e inspirar pessoas por muitos anos”, declarou a família, pedindo privacidade neste momento de luto. A causa da morte não foi divulgada.

Terence Stamp em Mistério no Mediterrâneo
Terence Stamp em Mistério no Mediterrâneo (Foto: Divulgação)

Nascido em 22 de julho de 1938, em Stepney, Londres, Stamp cresceu em um ambiente humilde no East End, filho de um operador de rebocador. Sobrevivente do Blitz durante a Segunda Guerra Mundial, ele descobriu sua paixão pelo cinema ainda criança, inspirado por astros como Gary Cooper e James Dean. Após trabalhar em agências de publicidade, Stamp ganhou uma bolsa para a Webber Douglas Academy of Dramatic Art, iniciando sua trajetória nos palcos antes de conquistar o cinema.

Uma carreira de papéis inesquecíveis

A estreia de Stamp nas telas foi em Billy Budd (1962), adaptação de Peter Ustinov do romance de Herman Melville. Sua interpretação do jovem marinheiro rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e ao BAFTA de Melhor Revelação, marcando sua ascensão como um dos rostos proeminentes da Londres dos anos 1960. Associado à efervescente cena cultural da época, Stamp viveu relacionamentos de destaque com a atriz Julie Christie e a supermodelo Jean Shrimpton, sendo até mencionado na música “Waterloo Sunset”, dos Kinks.

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Na década de 1960, Stamp trabalhou com diretores renomados, consolidando sua reputação. Em O Colecionador (1965), de William Wyler, ele interpretou o obsessivo Freddie Clegg, papel que lhe valeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. No mesmo ano, contracenou com Laurence Olivier em O Preço de um Homem (1962) e, em 1967, estrelou ao lado de Julie Christie em Longe Deste Insensato Mundo, adaptação de John Schlesinger do clássico de Thomas Hardy, e em Pobre Menina Rica, primeiro longa de Ken Loach. Sua colaboração com diretores europeus, como Pier Paolo Pasolini em Teorema (1968) e Federico Fellini em Toby Dammit (parte de Histórias Extraordinárias, 1968), trouxe uma dimensão internacional à sua carreira.

Nos anos 1970, Stamp enfrentou um período de menor visibilidade, dedicando-se a estudos de ioga na Índia. Sua carreira ganhou novo fôlego com o papel do vilão General Zod em Superman: O Filme (1978) e Superman II: A Aventura Continua (1980). Sua performance como o cruel kryptoniano, marcada pela frase “Ajoelhe-se perante Zod!”, tornou-se um marco na história do cinema de super-heróis, sendo considerada uma das interpretações de vilão mais icônicas de todos os tempos. Décadas depois, ele retornou à franquia como a voz de Jor-El na série Smallville (2003-2011).

Outro papel memorável veio em Priscilla, a Rainha do Deserto (1994), no qual Stamp interpretou a transexual Bernadette, recebendo indicações ao BAFTA e ao Globo de Ouro por sua atuação sensível e carismática. O filme, um marco da representatividade, destacou sua versatilidade. Em 1999, Stamp brilhou como o vingativo Wilson em O Estranho (1999), de Steven Soderbergh, recebendo elogios no Festival de Cannes e indicações ao Independent Spirit Awards. No mesmo ano, interpretou o Chanceler Valorum em Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma, consolidando sua presença em grandes produções.

Ao longo das décadas seguintes, Stamp continuou ativo, com papéis em filmes como Wall Street: Poder e Cobiça (1987), Os Jovens Pistoleiros (1988), A Casa do Espanto (2003), Elektra (2005), Agente 86 (2008), O Procurado (2008), Operação Valquíria (2008), Grandes Olhos (2014) e O Lar das Crianças Peculiares (2016). Sua última aparição foi em Mistério em Londres (2021), de Edgar Wright, encerrando uma carreira de quase 100 créditos no cinema e na televisão.

Legado de um rebelde magnético

Stamp, descrito pelo The Guardian como o “mestre do silêncio introspectivo”, foi mais do que um ator; ele foi um ícone cultural que ajudou a redefinir o cinema britânico. Sua capacidade de transitar entre papéis intensos, como vilões, e personagens complexos, como em Priscilla, o tornou uma figura única. Além de atuar, ele publicou autobiografias, como Stamp Album, que se tornou best-seller, e o romance The Night (1993).

A morte de Stamp gerou comoção nas redes sociais, com fãs e colegas destacando sua influência. “Descanse em paz, Terence Stamp (22 de julho de 1938 – 17 de agosto de 2025). Ator premiado no palco e na tela desde 1960, aparecendo em Billy Budd, Águias da Justiça, O Siciliano, Priscilla, O Procurado, Superman, Operação Valquíria, O Destino de uma Vida, entre outros. Um talento raro”, escreveu um usuário no X. Outro post lamentou: “Notícia triste que Terence Stamp faleceu aos 87 anos. Sua grande revelação veio no filme Billy Budd, em 1962, seguido por muitas atuações excelentes”.

Stamp deixa um legado que transcende gerações, com atuações que continuam a inspirar atores e cineastas. Sua contribuição ao cinema, marcada por papéis que combinaram intensidade e sensibilidade, permanecerá viva nas telas.

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