A arte de três artistas paraibanos fez a pedra contar novas histórias de um dos maiores símbolos do patrimônio histórico nacional: a Pedra do Ingá. É com esse encontro entre arte e ancestralidade que nasce a exposição “PEDRA POEMA: Entre Pedras, Poesia e Sons”, resultado de um ano de pesquisa e criação dos artistas Yuri Gonzaga (músico), Gonzaga Costa (ilustrador) e Jacira Garcia (ceramista). A mostra, que une música, pintura e cerâmica, abre no dia 7 de novembro, às 16h, na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, em João Pessoa, com entrada gratuita.

O projeto mergulha na simbologia das Itacoatiaras do Ingá, reconhecidas como o mais representativo conjunto desse tipo de gravura no Brasil, e propõe um diálogo entre o passado e o presente, entre a força da pedra e a fluidez da expressão artística. A trilha sonora, as formas e as texturas criadas pelos artistas buscam traduzir o mistério, a poesia e a energia contida nas inscrições milenares que há séculos despertam a curiosidade de pesquisadores e poetas.
Leia também
Projeto 2025: Plano conservador para reformar o governo dos EUA avança sob Trump
Com curadoria assinada pelo artista plástico e professor Ilson Moraes, o projeto “Entre Pedras, Poesia e Sons” foi inspirado nas poesias do escritor paraibano Juca Pontes, autor do livro “Itacoatiara”, que serviu como norte poético e conceitual para o projeto. “É um encontro de tempos: o olhar contemporâneo dos artistas sobre a herança ancestral das pedras do Ingá. Cada obra é uma tentativa de ouvir o que aquelas inscrições têm a dizer sobre quem fomos — e quem somos”, comenta Moraes.
O trabalho contou ainda com a colaboração do historiador ingaense Neto Lira e da equipe que administra o sítio arqueológico. Para Lira, o projeto vai além de toda a questão histórica, de ser o primeiro sítio de arte rupestre protegido oficialmente no Brasil: “É muito importante esse trabalho dos artistas para com a pedra, porque isso também é um reflexo de divulgação e, a partir da divulgação, traz para si o olhar para a pedra e, com isso, a preservação. Como a gente vai preservar algo se a gente não conhece? E qual é a forma mais bonita de valorizar uma coisa se não pela arte, né”, explica.
Mais que uma exposição, o projeto propõe uma reflexão sobre como a arte pode aproximar o público do patrimônio cultural brasileiro, em um momento em que cresce o debate sobre a preservação e valorização dos sítios arqueológicos e da memória coletiva.
A iniciativa faz parte do projeto “Entre Pedras, Poesia e Sons”, contemplado no edital de chamamento público nº 60.010/2024 da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), dentro das ações da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
Yuri Gonzaga é músico, cantor, compositor e sanfoneiro paraibano, fundador da banda Os Gonzagas, vencedora do Festival de Forró de Itaúnas (2013) e semifinalista do Superstar da Rede Globo (2015). Com a banda, lançou quatro álbuns, integrou trilha de novela e dividiu palco com grandes nomes da música brasileira. Em carreira solo, lançou o álbum visual “AMADOR” (2022), unindo música, poesia e audiovisual. Finalista de festivais, como o Festival da Música da Paraíba e do Festival “100 Anos de Rádio no Brasil” no Rio de Janeiro, apresentou seu show autoral em importantes palcos em São Paulo, Paraná e Paraíba. Em 2025, recebeu a Comenda Sivuca, concedida pela Câmara de João Pessoa por sua contribuição à cultura local.
Siga no instagram: @yurigonzaga_
Jacira da Luz Garcia é ceramista paraibana nascida em Ingá, atualmente residente em João Pessoa (PB). Geógrafa aposentada desde 2017, iniciou sua trajetória artística na cerâmica como forma de arte-terapia, e logo encontrou nesse caminho uma potente conexão com a ancestralidade e o patrimônio cultural da região, especialmente com a simbologia da Pedra do Ingá. Suas obras já foram expostas em espaços como o CELEIRO – Centro de Arte Criativa, o Hotel Globo, o Centro Cultural São Francisco, Centro Cultural Mãe da ternura (Itatuba/PB), bem como participou do EXPO Sesc em Campina Grande. Sua produção já integrou livros, catálogos, feiras e exposições coletivas, sendo marcada por peças que evocam memórias, símbolos ancestrais e identidade local. Jacira mantém presença ativa em feiras de arte e iniciativas culturais, levando ao público sua cerâmica como ponte entre passado e presente.
Siga no instagram: @itaceramicaartesanal
Gonzaga Costa é artista visual paraibano que une técnicas manuais e digitais em composições vibrantes e repletas de textura. Suas obras transformam cores e formas em metáforas visuais, e essa é sua estreia expondo como artista visual. Já ilustrou para projetos em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba, e assinou capas de álbuns de artistas como Os Gonzagas e Val Donato.
Siga no instagram: @gonzagaaa
O termo itacoatiara, originário da língua Tupi-Guarani e com o significado de escrita ou desenho na pedra, vem sendo utilizado no Brasil como sinônimo para a expressão gravura rupestre. O sítio de arte rupestre das Itacoatiaras do Rio Ingá localiza-se na zona rural do município de Ingá, cuja cidade sede encontra-se a cerca de 105 km de distância da cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. O município é parte da depressão sertaneja, unidade geoambiental típica do semiárido nordestino.
O sítio encontra-se protegido como patrimônio cultural pelo Iphan desde maio de 1944, com inscrições no Livro de Tombo das Belas Artes e no Livro do Tombo Histórico, sendo o primeiro monumento de arte rupestre protegido no Brasil e o único reconhecido também pelo seu conteúdo artístico, além da importância histórica.
Exposição: PEDRA POEMA: Entre Pedras, Poesia e Sons Entrada gratuita
Abertura: 7 de novembro, às 16h
Local: Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, João Pessoa (PB)
Visitação:
Terça a sexta: das 9h às 18h
Sábados e domingos: das 10h às 18h
Realização: Projeto “Entre Pedras, Poesia e Sons” – Yuri Gonzaga, Gonzaga Costa e Jacira Garcia
Curadoria: Ilson Moraes
Apoio: FUNJOPE | Política Nacional Aldir Blanc (PNAB)
Com informações da assessoria de imprensa.