Economistas do Itaú apresentaram nesta quarta-feira (28) um conjunto de medidas alternativas para o governo compensar a queda na arrecadação decorrente da revisão parcial do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). As sugestões foram discutidas durante o evento “Macro em Pauta”, realizado pelo banco em São Paulo.
Entre as alternativas sugeridas estão:
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), havia estimado que o recuo parcial nos aumentos do IOF representaria perda de R$ 6 bilhões – R$ 2 bi em 2025 e R$ 4 bi em 2026, projeção corroborada pelos técnicos do Itaú. Haddad afirmou na segunda-feira que o governo definirá até o final desta semana como compensará o impacto fiscal.
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“Tem muita gente que se tornou adepta de apostas esportivas, não vejo por que elas não possam ser taxadas como cigarro ou bebidas. Poderia ser uma fonte importante de receita”, disse o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, no evento.
“O aumento do IOF deixou de fora as criptomoedas. Não me parece fazer sentido também deixar esse segmento isento de tributação do IOF, dado que você vai tributar os outros. O ideal seria não ter o IOF”, completou.
“Quando se cria dúvidas sobre a saída de capitais, você inibe a entrada de capitais, então é bem contraproducente”, afirmou Mesquita.
Schneider acrescentou que qualquer estratégia de aumento de tributação tem “seus limites”, uma vez que não é possível projetar como será a reação e o comportamento de setores afetados pela maior carga, o que pode afetar a arrecadação final.
Durante o evento, o economista Pedro Schneider destacou a necessidade de retomar uma “agenda de redução de distorções e ineficiências”, sugerindo ainda que o governo poderia elevar as previsões de receitas com dividendos e leilões de petróleo no Orçamento.
A equipe econômica havia anunciado originalmente o aumento do IOF na quinta-feira passada, mas reverteu parte das medidas horas depois, diante da reação negativa do mercado. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, também manifestou oposição à medida.
Os economistas do Itaú alertaram que mudanças tributárias abruptas como essa geram desconfiança nos investidores e podem inibir a entrada de capitais no país, especialmente em um cenário de incerteza regulatória.
O ajuste no IOF foi parte de um pacote fiscal que incluiu corte de R$ 31,3 bilhões nas despesas ministeriais, com o objetivo de cumprir a meta de déficit zero e as regras do arcabouço fiscal. No entanto, os analistas do Itaú projetam que, mesmo com o atual arcabouço, a dívida pública deve continuar crescendo, defendendo a necessidade de medidas adicionais para conter a expansão dos gastos públicos.
“Estabilizar a dívida não é suficiente para o Brasil voltar a ter grau de investimento e para trabalhar com um custo de capital mais baixo”, afirmou Mesquita. “Um PIB potencial maior ajuda, porque influencia o fiscal, mas para ter grau de investimento é preciso uma dívida menor.”
Com informações do portal InfoMoney.