A decisão do Banco Central (BC) de reprovar a aquisição de parte do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) deixou pelo menos 13 fundos de pensão e um banco estatal vulneráveis a um possível calote de até R$ 2,96 bilhões em letras financeiras emitidas pelo Master. Esses títulos, que não contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), representam um risco significativo para os investidores, caso o Banco Master enfrente problemas de solvência. O Master não se manifestou sobre o caso.
A reportagem identificou que 12 fundos de pensão e o Banco da Amazônia (Basa) investiram R$ 1,81 bilhão em letras financeiras do Master, pelo valor de emissão, com outros R$ 1,14 bilhão aplicados por diferentes compradores. Entre os principais investidores, a RioPrevidência, fundo de previdência dos servidores do Rio de Janeiro, aplicou R$ 970 milhões, equivalente a 8% de seu patrimônio no fim de 2024. A Amapá Previdência (Amprev), que tem como conselheiro Alberto Alcolumbre, irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, investiu R$ 400 milhões. A Amprev também comprou, irregularmente, R$ 250 milhões em letras financeiras do BRB, já que entidades de previdência de servidores não podem adquirir títulos de bancos públicos. O Maceió Previdência, ligado à prefeitura de Alagoas, investiu R$ 100 milhões. As entidades procuradas não responderam à reportagem.
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O Banco da Amazônia, controlado pelo governo federal, adquiriu R$ 40 milhões em letras financeiras do Master em 2024, sendo R$ 25 milhões em abril e R$ 15 milhões em junho. Em Aparecida de Goiânia (GO), conselheiros do instituto de previdência local tentaram barrar, em fevereiro de 2024, uma proposta de compra de R$ 50 milhões dessas letras, que não havia sido aprovada pelo colegiado.
A negativa do BC à operação entre Master e BRB considerou o risco de o banco estatal ser contaminado por “ativos podres” do Master, cujo valor de mercado é inferior ao registrado em balanço, o que poderia gerar problemas adicionais. Caso a compra tivesse sido aprovada, o BRB assumiria os R$ 2,96 bilhões em letras financeiras, garantindo o pagamento aos investidores.
O Master intensificou a emissão de letras financeiras após grandes plataformas de investimentos, controladas por bancos, suspenderem a venda de seus Certificados de Depósito Bancário (CDBs) devido ao aumento da exposição do FGC ao risco do banco. Nos últimos anos, o Master cresceu exponencialmente oferecendo CDBs com taxas acima da média, como 140% do CDI, garantidos pelo FGC até R$ 250 mil por CPF. Com o bloqueio das plataformas, o banco passou a direcionar as letras financeiras, sem garantia do FGC, principalmente a fundos de pensão.
Com informações do Estadão.