O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, em reunião realizada nos dias 16 e 17 de setembro, manter a taxa básica de juros (Selic) em 15%, conforme divulgado na ata publicada nesta terça-feira (23). A decisão reflete a necessidade de cautela diante de um cenário econômico marcado por incertezas externas e moderação no crescimento interno, com o objetivo de assegurar a convergência da inflação à meta estipulada. O Copom destacou que a taxa será mantida “por período bastante prolongado” para alcançar esse objetivo.
A ata ressalta que “o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”. Após um período de “firme elevação de juros”, o Copom optou por “interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados”, iniciando agora um novo estágio de manutenção da taxa para avaliar sua eficácia.
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No cenário externo, o Copom apontou que a conjuntura econômica dos Estados Unidos, incluindo as tarifas impostas pelo país, tem gerado “maior impacto” do que questões estruturais na formação dos preços de mercado. “Sobressai, assim, o debate sobre o início do ciclo de corte por parte do Federal Reserve [Banco Central dos Estados Unidos] e o ritmo de crescimento norte-americano, ao mesmo tempo em que persistem dúvidas sobre o impacto das tarifas sobre a inflação norte-americana. De todo modo, os riscos de longo prazo, que inclusive contribuem para tornar o cenário incerto, como a introdução de tarifas e a elevação de gastos fiscais, se mantêm presentes”, destaca o documento.
Internamente, o Copom observa uma “conjuntura de atividade econômica doméstica” que indica “certa moderação no crescimento”. Segundo a ata, “as pesquisas setoriais mensais e os dados mais tempestivos de consumo corroboram, em geral, o prosseguimento de uma redução gradual de crescimento”. O documento também aponta que estímulos fiscais ou de crédito ainda não geraram impactos significativos para alterar esse cenário.
Sobre a inflação, o Copom alertou que as expectativas, medidas por diferentes instrumentos e grupos de agentes, “permanecem acima da meta de inflação em todos os horizontes, mantendo o cenário de inflação adverso”. A meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, entre 1,5% e 4,5%. As projeções do Copom indicam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará 2025 em 4,8%, ainda acima do teto da meta. Para 2026, a previsão é de 3,6%, com uma redução para 3,4% no primeiro trimestre de 2027, aproximando-se do centro da meta.
A Selic, principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, influencia diretamente a economia. Juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança, reduzindo a atividade econômica para conter a alta de preços. Por outro lado, uma redução na taxa tende a baratear o crédito, estimulando produção e consumo, mas com menor controle sobre a inflação. A ata esclarece que os bancos consideram outros fatores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas, ao definir os juros cobrados dos consumidores.
Fonte: Agência Brasil