A Ambipar, empresa de gestão de resíduos, anunciou nessa segunda-feira (20) que entrou com pedidos de recuperação judicial no Brasil e de falência sob o Capítulo 11 nos Estados Unidos, visando enfrentar dificuldades financeiras que ameaçam sua capacidade de pagamento de dívidas bilionárias. No Brasil, o pedido foi protocolado no Rio de Janeiro, incluindo a Ambipar e outras empresas do grupo, como a Environmental ESG Participações. Nos EUA, a Ambipar Emergency Response também solicitou proteção contra credores.
A decisão, tomada com urgência pelo conselho da companhia devido à falta de caixa, foi desencadeada por suspeitas de irregularidades em operações financeiras de swap realizadas pela antiga diretoria financeira, liderada por João de Arruda, que deixou o cargo repentinamente. A Ambipar afirmou que o episódio abalou a confiança do mercado, levando credores a exigirem o pagamento antecipado de dívidas. A empresa contratou a FTI Consulting para investigar o caso e buscar punições e reparações, enquanto uma investigação criminal já está em andamento para apurar a conduta do ex-diretor e seus aliados.
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A situação financeira da Ambipar se agravou no final de setembro, após a troca do diretor financeiro por Ricardo Garcia, que também assumiu a área de relações com investidores. As ações da empresa despencaram, intensificando a crise. No início de outubro, rumores sobre o pedido de recuperação judicial começaram a circular, após a Ambipar obter uma liminar no Rio de Janeiro para evitar o vencimento antecipado de dívidas em uma disputa com o Deutsche Bank, que cobrou US$ 35 milhões, desencadeando um efeito em cadeia que poderia antecipar até R$ 10 bilhões em dívidas.
A crise também impactou investidores de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) ligados à Ambipar e à Braskem, com perdas de até 93% do valor investido, segundo XP e BTG Pactual. “COEs são investimentos que misturam diferentes tipos de ativos financeiros em uma única aplicação. Eles funcionam como uma ‘embalagem’ que reúne instrumentos como ações, moedas, índices e taxas de juros, permitindo que o investidor acompanhe o desempenho desses ativos, com riscos e possíveis ganhos definidos desde o início”, explica o comunicado. Nos COEs de crédito, baseados em títulos de dívida da Ambipar, a deterioração financeira da empresa levou ao encerramento precoce dos certificados, com retornos de apenas 6,88% para investidores da Ambipar e entre 26,62% e 36,97% para os da Braskem.
No dia 15 de outubro, a B3 anunciou a exclusão das ações da Ambipar de nove índices da bolsa, o que fez com que os ativos também perdessem o selo de ações verdes, devido a preocupações com a situação financeira e a governança da empresa. “A decisão segue as regras internas que permitem retirar ativos para preservar a integridade e a representatividade dos índices”, informou a B3. A participação da Ambipar foi redistribuída entre outras empresas, marcando mais um revés para a companhia em meio à crise de confiança no mercado.
Com informações do portal g1.