As ações da Alpargatas (B3: ALPA4), controladora da marca Havaianas, fecharam a sessão desta segunda-feira (22) em queda de 2,39%, cotadas a R$ 11,44, o que representou uma perda de valor de mercado de aproximadamente R$ 152 milhões. A desvalorização veio na esteira do anúncio de boicote à marca feito pelo ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nas redes sociais no domingo (21).

No vídeo gravado nos Estados Unidos, onde reside desde fevereiro, Eduardo aparece jogando um par de chinelos Havaianas no lixo e acusa a campanha de fim de ano da empresa de carregar uma mensagem política. Ele afirmou que sempre enxergou a Havaianas como um símbolo nacional e disse ter se decepcionado com a escolha da garota-propaganda. Segundo ele, a campanha não teria sido casual e refletiria um alinhamento ideológico. O ex-parlamentar citou nomes de pessoas condenadas pelos atos de 8 de Janeiro e acusou a atriz de defender prisões relacionadas aos ataques às sedes dos Três Poderes.
A reação ocorre em meio à repercussão de uma peça publicitária estrelada pela atriz Fernanda Torres, em que ela afirma não desejar que as pessoas “comecem o ano com o pé direito”. No vídeo, a atriz diz que prefere que o público inicie 2026 “com os dois pés”, incentivando uma postura mais ativa e menos associada à sorte. O trecho foi interpretado por parte dos usuários nas redes sociais como uma provocação política.
Apesar da queda pontual, as ações da Alpargatas mantêm recomendação de compra entre os principais analistas, com potencial de valorização superior a 20% e preço-alvo de R$ 12 para os próximos 12 meses.
O UBS-BB elevou a recomendação de neutra para compra, destacando a estratégia de racionalização da empresa no Brasil e as perspectivas de melhoria nos mercados internacionais. O relatório prevê que as margens EBITDA da Alpargatas devam aumentar, com estimativas de 22,4% em 2025, 22,7% em 2026 e 23,1% em 2027, superando os níveis históricos da companhia.
A empresa também deve oferecer dividendos atraentes, com um dividend yield projetado de 14% para os próximos 12 meses, o que pode ser um atrativo adicional para os investidores.
No cenário internacional, a Alpargatas está se beneficiando de um acordo de distribuição nos Estados Unidos, que deve elevar as margens EBITDA internacionais de 1,4% em 2025 para 6,8% em 2026 e 10,2% em 2027.
Os analistas reconhecem, porém, riscos associados, como a competição com marcas globais e a volatilidade dos preços das matérias-primas, que podem impactar as margens da empresa.
Os principais acionistas da Alpargatas são a Itaúsa S.A. (ITSA4), com 29,58% do total, e a Cambuhy Alpa Holding Ltda., com 23,77%.
Com informações do portal InfoMoney.