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Mercado reage mal a anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
Termômetro da Política
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Em um dia que tinha tudo para ser guiado pelos dados de inflação nos Estados Unidos, Brasília acabou tomando o centro das atenções. A sinalização de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pode disputar a Presidência em 2026 provocou uma reação imediata nos mercados: dólar disparou e o Ibovespa caiu. A possibilidade de substituição de Jair Bolsonaro (PL) pelo filho, Flávio Bolsonaro, frustrou expectativas de uma chapa Tarcísio–Michelle, considerada mais competitiva e unificadora da direita. A revisão desse arranjo redesenhou o humor dos investidores e afetou os mercados.

O dólar fechou em alta de mais de 2% nesta sexta-feira (5), cotado em R$ 5,4328, no maior valor em quase dois meses. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inverteu o sinal positivo visto pela manhã e fechou aos 157.369 pontos, com uma queda de 4,31% — a maior desde fevereiro de 2021, quando a bolsa recuou 4,87%. A moeda norte-americana disparou mais de 2% na sessão e atingiu o maior valor em quase dois meses. Já o Ibovespa caiu 4,31%, aos 157.369 pontos. Essa foi a maior queda intradia do índice desde 2021.

Sinalização de que Flávio Bolsonaro pode disputar a Presidência em 2026 provocou uma reação imediata nos mercados: dólar disparou e o Ibovespa caiu (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Ainda no Brasil, o PIB do terceiro trimestre, divulgado ontem, mostrou avanço modesto de 0,1% na economia brasileira. O resultado reflete a perda de ritmo do setor de serviços e do consumo das famílias, reforçando a avaliação de que o Banco Central pode iniciar os cortes de juros já em janeiro.

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Nos EUA, o PCE subiu 0,3% em setembro, mantendo o mesmo ritmo de agosto e dentro das projeções. Em relação ao ano anterior, avançou 2,8%. O núcleo do índice, que desconsidera itens mais voláteis, também registrou alta de 0,2% no mês e de 2,8% em 12 meses. O resultado do indicador, visto pelo Federal Reserve (Fed) como a principal medida de inflação, reforçou as apostas de que o banco central americano poderá iniciar cortes de juros já na próxima semana.

Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado:

Dólar

Acumulado da semana: +1,83%;
Acumulado do mês: +1,83%;
Acumulado do ano: -12,09%.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Ibovespa

Acumulado da semana: -1,07%;
Acumulado do mês: -1,07%;
Acumulado do ano: +30,83%.

A possibilidade de Flávio Bolsonaro disputar a Presidência em 2026, no lugar do pai, Jair Messias Bolsonaro, provocou uma reação imediata e negativa nos mercados nesta sexta-feira. No começo da tarde, o dólar ganhou força frente ao real e o Ibovespa virou para queda, apesar do cenário externo mais positivo após o índice de inflação PCE dos Estados Unidos ter vindo em linha com o esperado. A sinalização de uma candidatura de Flávio, porém, foi mal recebida no mercado financeiro. A leitura predominante é que essa mudança pode fragmentar a base bolsonarista e aumentar a incerteza sobre o cenário eleitoral. Após a notícia, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inverteu o sinal positivo visto pela manhã e passou a operar em forte queda.

“A princípio, cogitava-se a candidatura de Tarcísio de Freitas, que, como governador de São Paulo, já contava com uma base eleitoral consolidada e uma projeção favorável”, afirma Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil. Ele destaca que o apoio de Jair Bolsonaro tornaria essa configuração ainda mais competitiva, enquanto a escolha pelo filho muda as expectativas. Para Praça, o movimento pode abrir espaço para disputas internas e dificultar a formação de uma frente unificada contra Lula, criando divisões entre os apoiadores e reduzindo a previsibilidade do quadro eleitoral.

Mesmo com a volatilidade do dia, alguns analistas seguem otimistas com o desempenho da bolsa no médio prazo. Para Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, o pano de fundo continua favorável. “Independentemente da volatilidade causada pela política, temos uma perspectiva de alta pra Bolsa Brasileira. Temos preços vantajosos, ciclo de cortes prestes a começar e ainda uma certa expectativa de mudança de ciclo político que viabilize uma agenda de reformas.” Ele acrescenta que a última superquarta do ano, marcada para a próxima semana, pode reforçar esse movimento, especialmente se a diferença de juros beneficiar o câmbio e der novo impulso ao mercado acionário.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos — a medida de inflação mais acompanhada pelo Fed — avançou 0,3% em setembro na comparação com agosto, repetindo o mesmo ritmo do mês anterior, dentro das previsões de analistas do mercado. Na comparação com setembro do ano passado, o PCE também veio alinhado às expectativas, com alta de 2,8%, ligeiramente acima dos 2,7% registrados em agosto. O núcleo do indicador, que exclui itens mais voláteis como energia e alimentos, subiu 0,2% na margem, mantendo o mesmo avanço observado em agosto e igualmente em linha com o esperado. Em relação ao ano anterior, o núcleo do PCE avançou 2,8%, abaixo dos 2,9% registrados no mês anterior e levemente inferior ao consenso — que projetava alta de 2,9%.

O índice de sentimento do consumidor dos EUA subiu para 53,3 pontos em dezembro, após marcar 51 pontos em novembro, segundo a Universidade de Michigan. O número superou a projeção média dos analistas, que esperavam 52 pontos. O componente que avalia as condições atuais da economia recuou levemente, passando de 51,1 pontos em novembro para 50,7 em dezembro. Já o índice de expectativas — que mede a percepção sobre os próximos meses — avançou de 51 para 55 no mesmo intervalo. As expectativas de inflação também mostraram alívio. Para os próximos 12 meses, caíram pelo quarto mês seguido, de 4,5% para 4,1%, o menor nível desde janeiro. No horizonte de cinco anos, passaram de 3,4% para 3,2%, repetindo o patamar observado no início do ano.

Em Wall Street, os mercados americanos estão focados nos dados de inflação que serão divulgados hoje, já que eles podem confirmar a expectativa de corte nos juros pelo banco central dos EUA na próxima semana. Na abertura, o Dow Jones subia 0,06% na abertura, para 47.879,6 pontos. O S&P 500 ganhava 0,13%, a 6.866,32 pontos enquanto o Nasdaq tinha alta de 0,27%, para 23.567,77 pontos.

As bolsas europeias fecharam mistos, acompanhando o otimismo com a expectativa de corte de juros nos EUA. Além disso, investidores seguem atentos às negociações para um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. No fechamento, o STOXX 600 avançou 0,01% e o DAX subiu 0,61%. Por outro lado, o FTSE 100 teve queda de 0,45% e o CAC 40 recuou 0,09%.

Já as bolsas asiáticas fecharam com resultados positivos, interrompendo uma sequência de quedas na China. O avanço foi impulsionado pelo otimismo com fabricantes locais de chips, em meio a tensões comerciais com os EUA e medidas para fortalecer a produção doméstica. No fechamento: em Xangai, o índice SSEC subiu 0,70%, para 3.902 pontos, e o CSI300 avançou 0,84%, a 4.584 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ganhou 0,58%, aos 26.085 pontos. Já o Nikkei, em Tóquio, caiu 1,05%, para 50.491 pontos. Em outros mercados, o Kospi subiu 1,78%; o Taiex, 0,67%; o Straits Times recuou 0,08%; e o S&P/ASX 200, na Austrália, avançou 0,27%.

Com informações do portal g1.

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