Nesta sexta-feira, 13 de junho, o Brasil celebra o Dia de Santo Antônio, um dos santos mais queridos e populares do país, conhecido como o “santo casamenteiro”. Presente nas festas juninas e nas devoções de milhares de fiéis, Santo Antônio de Pádua, ou de Lisboa, conquistou esse título por histórias que mesclam fé, lendas e tradições populares. Mas como um frade franciscano, nascido em Portugal no século 13, virou símbolo de casamentos no Brasil?
Santo Antônio, batizado como Fernando de Bulhões, nasceu em Lisboa, por volta de 1195, e faleceu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231. Canonizado menos de um ano após sua morte, em 1232, pelo Papa Gregório IX, ele detém o recorde de canonização mais rápida da Igreja Católica, impulsionada por sua fama de santidade e milagres. Apesar de sua vida dedicada à pregação, aos pobres e à teologia – sendo proclamado Doutor da Igreja em 1946 pelo Papa Pio XII –, nenhum dos 53 milagres registrados para sua canonização está diretamente ligado a casamentos.
A fama de casamenteiro tem raízes em relatos populares que atravessaram séculos. Uma das histórias mais conhecidas conta que, em Nápoles, uma jovem sem recursos para o dote – essencial para o casamento na época – rezou a Santo Antônio. Milagrosamente, ele teria lhe entregado um bilhete instruindo-a a procurar um comerciante, que deveria doar moedas de prata equivalentes ao peso do papel. Surpreendentemente, foram necessários 400 escudos para equilibrar a balança, pois o comerciante havia prometido essa quantia ao santo e nunca cumprira. Com o dote garantido, a jovem conseguiu se casar, e a partir daí Santo Antônio passou a ser invocado por quem buscava o matrimônio.
Outra narrativa popular reforça essa reputação. Conta-se que uma moça, frustrada por não encontrar um noivo, jogou uma imagem de Santo Antônio pela janela. A estátua atingiu um jovem que passava na rua, que, ao devolvê-la, conheceu a moça e se apaixonou por ela. Esse “acidente” foi atribuído à intercessão do santo, consolidando sua imagem como facilitador de uniões amorosas.
No Brasil, a devoção a Santo Antônio foi trazida pelos portugueses durante a colonização, integrando-se às festas juninas, que celebram também São João e São Pedro. A associação com o casamento ganhou força com simpatias populares, como virar a imagem do santo de cabeça para baixo, retirar o Menino Jesus de seus braços até o pedido ser atendido ou encontrar uma aliança no “bolo de Santo Antônio”, que, segundo a crença, garante um casamento em breve. Essas práticas, embora não tenham base teológica, refletem a criatividade e a fé popular brasileira.
Além de casamenteiro, Santo Antônio é venerado como padroeiro dos pobres, por sua generosidade, e como protetor de objetos perdidos. No Brasil, ele é padroeiro de cidades como Campo Grande (MS) e Juiz de Fora (MG), e sua celebração mobiliza missas, procissões e quermesses. Em Lisboa, desde 1958, os “Casamentos de Santo Antônio” reúnem casais em cerimônias coletivas, reforçando sua ligação com o amor.
Embora sua fama de casamenteiro seja o destaque, Santo Antônio é lembrado pela Igreja como um pregador brilhante e defensor do amor genuíno, opondo-se aos casamentos por interesse econômico. Neste 13 de junho, entre orações e simpatias, o “santo do povo” continua a unir corações e inspirar a fé de milhões de brasileiros.