Hulk Hogan, o astro que levou o wrestling profissional ao mainstream nos Estados Unidos e se tornou o maior ícone financeiro da história do esporte, morreu nesta quinta-feira aos 71 anos, conforme informaram a polícia da Flórida e a WWE. Em Clearwater, na Flórida, as autoridades atenderam a uma chamada na manhã desta quinta-feira (24) sobre uma parada cardíaca. Hogan foi declarado morto no hospital, segundo comunicado da polícia no Facebook.
A WWE publicou uma nota no X (antigo Twitter) afirmando estar “profundamente triste” com a morte do membro do Hall da Fama.
“Uma das figuras mais reconhecíveis da cultura pop, Hogan ajudou a WWE a alcançar projeção global nos anos 1980. A WWE estende suas condolências à família, amigos e fãs de Hogan”, dizia a mensagem.
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Hogan, cujo nome verdadeiro era Terry Bollea, enfrentava vários problemas de saúde nos últimos anos, incluindo uma lesão crônica nas costas decorrente de sua carreira no wrestling. Ele não lutava desde 2012, mas estava em evidência recentemente como fundador da nova promoção Real American Freestyle Wrestling e proprietário de um bar prestes a abrir em Nova York, em frente ao Madison Square Garden – palco de muitos de seus combates históricos.
Em 1985, Hogan foi a atração principal do primeiro WrestleMania, formando dupla com o astro da TV Mr. T contra Roddy Piper e Paul Orndorff. O WrestleMania I, realizado no MSG, atraiu cerca de 1 milhão de espectadores em closed-circuit TV e é creditado por levar o wrestling profissional (especificamente a então WWF, hoje WWE) ao mainstream americano.
Sua rivalidade com André the Giant no WrestleMania III elevou o wrestling – e a carreira de Hogan – a novos patamares. Cerca de 80 mil pessoas lotaram o Pontiac Silverdome, em Michigan, para o combate. A revanche, meses depois, exibida gratuitamente pela NBC, atingiu 33 milhões de espectadores.
Hogan foi protagonista em sete das oito primeiras edições do WrestleMania. Ele era o herói do wrestling, transcendendo o esporte com inúmeras aparições em programas de TV e papéis no cinema – incluindo Rocky III, onde enfrentou o personagem de Sylvester Stallone – e na televisão, como na série Thunder in Paradise (anos 1990). Ele conquistou o título mundial da WWF seis vezes, incluindo um reinado de 1.474 dias – superado apenas por Bruno Sammartino e Bob Backlund.
Em 1996, com seu apelo como herói em declínio, Hogan executou a maior virada de vilão (heel turn) da história do wrestling. Na WCW (rival da WWE), ele liderou o grupo invasor New World Order (nWo), vestindo preto e branco em vez de suas cores tradicionais (vermelho e amarelo). Essa mudança, há 29 anos, capturou o espírito da época como nada desde o WrestleMania I. O nWo, com o “Hollywood” Hogan como líder cruel, revitalizou a indústria durante os anos 1990, quando o público demandava um produto mais sombrio e adulto. Hogan ajudou a WCW a superar a WWF em audiência por 83 semanas seguidas.
Hogan voltou à WWE em 2002 para enfrentar The Rock no WrestleMania X8, em Toronto. Apesar de interpretar sua versão vilã do nWo, os mais de 68 mil fãs o ovacionaram – forçando-o a retomar seu personagem herói. Ele foi introduzido no Hall da Fama da WWE em 2005.
Após sua aposentadoria, Hogan enfrentou polêmicas. Em 2015, vazaram gravações dele usando o termo racial “n-word” e se autodeclarando “racista”. A WWE rescindiu seu contrato na época, mas o recontratou em 2018 como embaixador. Em janeiro deste ano, Hogan participou do primeiro evento da WWE no Netflix para promover sua cerveja Real American Beer, mas foi vaiado pelos fãs em Los Angeles.
Um vídeo íntimo de Hogan vazado pelo site Gawker em 2015 levou-o a processar a empresa por difamação e invasão de privacidade. Ele venceu o caso e recebeu US$ 115 milhões em indenização.
Hogan deixa um legado inigualável no wrestling, tendo moldado o esporte como entretenimento global e permanecendo como uma das figuras mais icônicas da cultura pop.
Reportagem da ESPN.